quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O que posso fazer? O que posso dizer?

Hoje aconteceu uma história engraçada no meu trabalho. Temos um colega, um senhor de seus cinquenta e poucos anos, que sofre com problemas de alcoolismo. Já há algum tempo ele não está indo trabalhar, pois teve uma recaída. A assistente social foi até sua casa conversar com ele e oferecer um tratamento,ele não quis papo. Já foi internado algumas vezes, mas, sempre recai. Hoje, um motorista nosso chegou falando que iria lá na casa desse Sr. buscá-lo para levar para a saúde mental (acredito que o mesmo hospital de internação do meu marido). Uma colega minha espantada perguntou: Saúde Mental?! O motorista respondeu: Sim, saúde mental! Vamos ver se ele aceita se internar! Aí ela retrucou: Mas, e a mulher dele não está lá com ele, cuidando dele?!
Nessa hora eu não aguentei e entrei na conversa: O que adianta a mulher dele estar lá com ele?! A doença é dele e por isso ele precisa querer tratamento. Ninguém pode obrigá-lo a nada e ele só vai sair dessa se ele quiser. Ela ficou quieta. Ela já sabe do problema do meu esposo, mas, não sabe que estou separada dele e nem imagina que ele recaiu, pois, quando contei o problema ele estava em sua primeira internação, há 1 ano atrás. Depois nunca mais comentei sobre o caso.
Aí, continuando a conversa sobre a internação desse Senhor, ela disse: Uma coisa é certa, mulher desiste, mãe não. Qualquer mãe vai até o fim, se fosse a minha filha, eu iria até o fim.
Aí nesse meio tempo, entrou outra colega na história: Nem toda mulher desiste. Minha mãe viveu com o meu pai alcoolatra e não se separou dele (Ele já morreu, com apenas 42 anos) . Ele nunca faltou no emprego, mas chegava todos os dias tarde por conta da bebida e quando chegava no fim do mês, ele gastava todo o pagamento com a cachaça dele. Quando ia em festas de família, dava vexame porque não sabia beber. Bebia, dava show e ia dormir na cama dos outros, fazia xixi todas as vezes. Mas, ela não desistiu! As pessoas falavam para ela se separar dele, mas, ela sempre lutou e nunca aceitou a separação!

Percebem que como as mulheres que permanecem, muitas vezes são vistas como salvadoras, verdadeiras heroínas? Eu me sentia assim, todas as vezes em que permaneci firme ao lado dele. Tinha orgulho quando as pessoas olhavam para mim e falavam: Nossa ela é forte, já passou por cada uma e ainda está junto. É amor de verdade. Sim, eu me sentia forte. Sim, eu me sentia capaz de controlar a doença dele. Sim, eu acreditava que o meu amor mudaria tudo. Doce ilusão!
Como eu gostaria de acreditar que o meu amor é capaz de mudar tudo. Seria tão mais fácil e com certeza não teria perdido o meu marido para as drogas, afinal, o meu amor por ele seria o suficiente para mantê-lo longe disso tudo. Mas não, isso não foi e não é possível. Somente o amor dele por si próprio será capaz de tirá-lo disso tudo.
Quando eu estava com ele, fazia bem para o meu ego ouvir essas palavras de encorajamento. Eu me sentia cada vez mais responsável pela recuperação dele e cada vez mais esquecendo que eu também precisava de ajuda. Era um jogo desigual e quando me dei por conta já estava lá embaixo.
A decisão de sair ou de permanecer não é fácil e ambas geram consequências. Mas, a melhor decisão é sempre a SUA! Não importa qual seja. A minha decisão foi a de abandonar o barco. Não porque deixei de amar, mas, justamente pelo contrário.
Quando analiso a minha saída de casa, percebo que eu fiz isso pensando nele, porque ele realmente enxergaria a perda e aí buscaria tratamento. Não fiz isso porque ficaria melhor sem ele, porque eu não fiquei. Gostaria muito de ter ficado melhor, mas, no coração a gente não manda né?!
Hoje, eu sei que fiz a melhor escolha por MIM, pois já não estava mais aguentando viver naquela situação de constantes recaídas. Meu coração se amargurava demais e hoje, posso dizer que estou melhor.

Meu marido segue torrando o dinheiro que ainda tem no banco. No domingo mostrou sinais de querer a recuperação, disse que iria procurar tratamento e que a gente ia ser feliz de novo. Disse que quer me reconquistar e para isso sabe que precisa ficar bem. Afinal, eu não aceito drogas e estou certa. Disse ele.
Falou que iria ligar para o nosso Pastor que cuida de dependentes químicos, mas, até agora nada fez. A droga realmente tem sido a coisa mais importante na vida dele. O que mais ele precisa perder meu Deus?!
Eu fico aqui, imaginando mil e uma coisas. O que será que eu posso fazer pela recuperação dele?!...Manipular? Forçar o fundo do poço? Obrigar ele a me dar o dinheiro do banco?Fazer uma internação involuntária?
São tantas coisas que eu imagino que acabo até tirando o foco da minha vida, mas, o que fazer quando a pessoa faz parte dela também?! Não sei, não sei, não sei!
Peço a Deus para que me dê forças suficientes, pois creio que Ele está fazendo a obra e no tempo certo Ele irá resgatá-lo. Eu tenho fé e não quero desanimar!
É claro que gostaria de vê-lo transformado e voltar a ser o meu marido. Nós temos tantos sonhos paralisados. Mas, se não for para ser, ainda sim quero vê-lo bem e longe dessa maldita droga! Meu Deus, será que isso é possível Senhor!
Não consigo conter as lágrimas ao ter que aceitar que as coisas não são como eram antes dessa maldita. Que o meu marido não é mais o mesmo e que eu também não sou mais a mesma. Que os nossos sonhos juntos, talvez nunca mais sejam realizados e que as nossas almas seguirão sempre com essas cicatrizes.

Deus conceda-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar!

SPH quero me permitir chorar, pois, não preciso ser forte todos os dias.
SPH quero me permitir entristecer, pois, a alegria certamente virá na próxima manhã.
SPH quero me arrepender e sentir a dor das minhas atitudes insanas, pois, eu também sou imperfeita.

Mas...SPH!

Deus dai-me forças para seguir em frente. Eu continuo crendo nas Tuas promessas para a minha vida! 

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