terça-feira, 31 de julho de 2012

Em busca da minha serenidade

Voltei a trabalhar ontem, ele ainda não, já faltou no trabalho em seu primeiro dia. É incrível como o seu senso de responsabilidade é zero. Eu posso ter dormido mal, ter chorado a noite inteira, mas, ainda assim nunca perdi um dia de trabalho a não ser por motivo de doença real mesmo. Quanto a ele, meu Deus! Até perdi as contas de quantas vezes já faltou ao trabalho por conta das drogas, não sei como ele não foi mandado embora até agora.
Na semana passada estávamos bem, na medida do possível é claro, eu estava tentando não tratá-lo mal, mas também, não o tratava tão bem a ponto de ceder suas manipulações para que eu voltasse para casa. Acho que o tratava bem, por medo de que ele saísse para usar a sua droga, mas de nada adiantou. Como eu estava de férias, resolvi passar uns dias fora na casa de minha família, quando voltei o estrago estava feito; ele saiu para consumir e mais um rombo enorme em sua conta bancária estava feito. Pensei comigo, de que adianta tratar bem? Ele não enxerga e isso não é capaz de fazê-lo parar de usar.
Ontem logo pela manhã ele me ligou e disse que iria conversar com a Assistente Social de sua empresa para uma segunda internação, disse a ele que a decisão era sua e que se achasse que isso resolveria seu problema,  que seguisse em frente. Ele esperava que eu fosse apoiá-lo e com isso (na cabecinha dele) voltaria para o nosso casamento. Mas ao contrário, deixei a solução do problema dele na mão dele. À tarde ele já me ligou, sob o efeito da droga, dizendo que iria procurar ajuda. À noite, ele me ligou ameaçando o suicídio; me ligou a noite inteira e chegou até a simular que tinha dado um tiro em si próprio. Até onde vai a imaginação da pessoa. Fiquei preocupada, mas busquei a minha serenidade ao saber que as minhas mãos não são santas e que não poderei salvá-lo caso ele realmente queira acabar com sua vida, pois se ele realmente quiser, não serei eu quem impedirá. Orei muito e o entreguei nas mãos do Senhor, creio que Deus sabe de todas as coisas e não permitirá nada que não seja da Tua vontade. Confesso que a parte de ficar serena com tudo isso acontecendo é a parte mais difícil, mas tenho tentado me entregar de verdade à vontade de Deus.    
Gostaria muito que a minha história fosse diferente, mas infelizmente não posso mudar o que já passou, posso e devo ter um novo futuro longe da destruição que as drogas causaram, de tabela, em minha vida. Não sei qual será a escolha do meu marido, a minha é essa e nada irá mudar isso.
 Estou buscando a minha recuperação a cada dia, por que ele não fez o mesmo? Entendo que os tempos são diferentes e não posso esperar a racionalidade de um dependente químico, mas gostaria que ele enxergasse o quanto ele está fazendo mal para si e para os que o amam. E vejo que ele só vai enxergar isso quando sentir que está perdendo de verdade.
Não sei como será o dia de hoje, não sei se ele está bem, não sei se vai trabalhar, não sei se vai procurar ajuda. A única coisa que sei é que preciso Só Por Hoje entregar todos os meus anseios nas mãos de Deus, acreditando que Ele fará tudo dar certo.
Deus, conceda-me a serenidade SÓ POR HOJE!

domingo, 29 de julho de 2012

1 mês

Hoje faz 1 mês que ele teve a sua última recaída e 1 mês também que sai da minha casa. Foi um período em que muitas coisas aconteceram, mas, quase nada mudou.  Meu marido ainda não está em recuperação e parece ainda não ter entendido a gravidade de seu problema, continua na negação e acha que pode parar sozinho, embora me diga que vai procurar ajuda profissional, nada fez até agora. Quanto a mim, continuo no caminho da recuperação, com muitas recaídas, mas procuro entender como parte do processo. Sei que o meu problema também é sério e precisa ser tratado, por isso, tenho procurado pensar mais em mim e no meu bem estar. Por vezes, penso em voltar para a minha casa e meu marido, mas acredito que isso não seja o melhor a fazer agora, afinal nada mudou. Ele não mudou, eu ainda não estou pronta e com isso a adicção e codependência ainda estão muito presentes.
Sinto muito a sua falta e uma vontade louca de jogar tudo para o alto e tentar mais uma vez, mas tenho a certeza de que vou me magoar de novo e não quero mais viver a vida que eu tinha antes. Infelizmente, não tenho perspectiva de um futuro com ele e construir uma família é o meu grande sonho, mas não quero ter uma família sozinha, assumindo todas as responsabilidades que deveriam ser divididas, quero alguém que compartilhe comigo cada dificuldade e não somente os bons momentos; e hoje sei que o meu marido não tem estrutura para isso.
Não quero passar o resto da minha vida esperando que um dia as coisas irão melhorar, é o que fiz até agora, sonhando que um dia o meu marido será tudo aquilo que eu idealizei. Não posso transformá-lo no que eu quero e sim aceitá-lo e amá-lo do jeito que ele é, desde que isso não interfira meus valores e o respeito por mim seja mantido. Desde o início da nossa relação até agora, sempre acreditei que o meu amor poderia transformá-lo, que eu seria o seu porto seguro e que sem mim ele nunca conseguiria chegar a lugar algum. Agora eu me pergunto: E eu? Onde eu fiquei nessa história? Nem eu sei, não sei onde me perdi.
Quando saí de casa, não estava decidida a me separar de fato, acho que queria dar um susto nele e fazer com que ele quisesse realmente a sua recuperação, mas isso ainda não aconteceu. Tenho medo de perdê-lo e que ele deixe de me amar, tenho medo de que ele caia em tentação e fique com outra pessoa. Muitas coisas passam por minha cabeça, mas, se isso acontecer terei a certeza então de que ele fez a sua escolha: a droga!
Eu fico pensando na minha capacidade de esticar os meus limites e como estiquei. Quando ele saiu da clínica em que ele se internou eu disse a ele que se ele recaísse eu estava fora. O fato é que ele não recaiu somente uma vez e  sim várias e eu sempre esperava pacientemente qual seria a próxima vez que eu teria que suportar aquilo novamente até tomar a minha decisão, essa que eu tomei há 1 mês atrás, demorou mas eu tomei. E se não foi o melhor para ele, tenho certeza de que foi o melhor para mim. Pode até não estar sendo agora, mas, no futuro tenho certeza que será. Um dia irei olhar para tudo isso e ver como uma história de superação em que consegui quebrar um ciclo que me matava a cada dia mais. Só Por Hoje desejo mais que tudo a minha recuperação.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Mente Confusa

Hoje dia 18/07, como já falei, foi aniversário dele. Fiquei cheia de dúvidas durante o dia: ligou ou não ligo, vou ou não vou. Enfim, fiquei muito pensativa. Não liguei durante a manhã e no início da tarde ele ligou, falou oi chorando e desligou. Ok já entendi. Liguei para ele: O que houve? nada. Feliz Aniversário para você que Deus te abençoe e ilumine os seus caminhos, te dê paz e serenidade para que os desejos de seu coração sejam realizados.Ele agradeceu chorando e desliguei o telefone.
Para mim acabou ali, disse comigo mesma, já fiz a minha parte. Não poderia deixar de ligar, mas também não precisava ir até lá.Bem, isso é o que o meu lado racional pensava. O meu lado emocional dizia para que eu fosse em nome de todo o tempo em que vivemos juntos, por consideração a uma data tão especial para ele. Deixei o meu lado emocional agir e fui em frente.
Cheguei lá e tive uma grande surpresa: Quando meu esposo tinha 18 anos ele engravidou uma menina, só que segundo ele, ela mentiu para ele dizendo que tomava remédio e não tomava nada, queria mesmo engravidar. O que aconteceu é que ele não quis mais ficar com ela e rompeu o relacionamento. Nos conhecemos quando ela ainda estava grávida, mas, mesmo assim ele registrou a criança, porém preferiu não manter contato. Essa menina mora em uma cidade vizinha a nossa, estava casada e de vez em quando ela surgia, sempre achei ela muito atiradinha pro lado dele, mas, mesmo assim relevava. Não desconfiava muito dele com ela. Afinal se ele quisesse ter ficado com ela, teria ficado lá no passado, quando ainda estava grávida. O menino (filho) começou a vir para a minha casa algumas vezes, por mais que não adorasse, tentava agradá-lo e tratar da melhor maneira possível, afinal ele não tem culpa de nada.
Agora continuando a história de hoje, quando cheguei em casa para falar com ele, encontrei essa tal menina no portão da minha casa, conversando com a minha sogra. Minha vontade foi a de fazer um escândalo, mas, me contive e entrei. Cheguei lá dentro perguntei a ele: Cadê o Gui? (o filho), ele disse: Não está aqui. Aí eu falei para ele que a menina estava lá, ele falou que sabia, mas, não queria falar com ela, por isso ela ficou lá fora conversando com a minha sogra. Caramba! Me senti traída! Falei para ele: Não esperam nem o defunto esfriar hein?!...Ele falou para eu não começar a montar os castelinhos na minha cabeça, pois não tinha nada a ver, porque ele era um homem casado e mostrou a sua aliança.
Fiquei com muita raiva dele! Mas, fiquei com mais raiva ainda da minha sogra, por ter certeza de que ela apóia a menina se um dia ela quiser voltar para o filho dela.  Aliás, tenho certeza que ela quer, senão não estaria sondando lá desta maneira. Já falou até que está se separando do marido dela. A minha sogra, por sua vez acredita que um novo relacionamento possa ser a salvação para o filho dela, já que imagino que ela acredita que o filho está sofrendo dessa maneira porque eu o deixei ...Aff que raiva!!! Poxa, eu não estou em casa, mas não me separei dele caramba!
Quanto ao meu esposo, ele veio me trazer na casa da minha mãe, entrou e jantou aqui com a gente. Não se cansa de pedir perdão e para que eu volte. Diz que se arrepende muito mesmo pelo que fez e está disposto a mudar dessa vez. Me pede uma última chance. E diz que essa dor que ele está sentindo hoje ( a minha falta) não quer sentir nunca mais, por isso vai dar valor a cada momento, que me ama demais e blá blá blá...Tudo que eu já estou acostumada a ouvir. Disse a ele: Quantas vezes você já me prometeu isso? O que tem de diferente agora para que eu possa acreditar? Aí ele ficou quieto. Diz que vai correr atrás do seu tratamento, mas, ainda não sabe por onde começar.
Sei que já ouvi todas essas promessas, mas, confesso que a vontade de voltar e acreditar nele mais uma vez é grande. Tenho vontade de dar essa última chance e tentar fazer a minha parte diferente também. Mas, não sei se isso será possível. Não sei se estou preparada para entrar nessa de novo. Sei que o amo, mas, o futuro é incerto demais. Tenho medo de jogar mais tempo da minha vida fora. E tenho medo de voltar para ele, me enganar e voltar mais uma vez para o ciclo da codependência. Por muitas vezes, já perdoei e me culpei por ter perdoado e isso me fazia um mal danado. Nós tínhamos planos para o futuro: uma família, a nossa casa própria que já vai ser entregue, viagens, enfim... várias coisas que sonhamos juntos durante todos esses anos e que serão jogados ao vento com a separação.
Preciso de uma orientação, preciso me centrar. Amanhã mesmo já vou marcar a minha hora com a psicóloga, preciso entender isso melhor.

Deus, conceda-me a serenidade. Só Por Hoje!


terça-feira, 17 de julho de 2012

Nossa história

Dia de deprê hoje. Muita chuva e frio aqui em São Paulo. O frio lembra cobertas e cobertas lembram deitar agarradinho para assistir um filminho...aff...essa é a parte boa, afinal nem tudo é somente pesadelo ou, pelo contrário, somente sonho... Assim como em um determinado momento terei de perdoar meu esposo por todo o mal que me causou, terei de agradecê-lo por todos os momentos felizes que me proporcionou.

Nossa história começou quando eu tinha 15 anos e ele 19. Foi o meu primeiro namorado, primeiro e único homem. Talvez por isso esse apego seja tão incontrolável. Entre altos e baixos vivemos juntos por 12 anos.
Durante esses 12 anos, passamos por muitas coisas e hoje olhando para o passado percebo que o que vivo hoje é fruto de minhas próprias escolhas.
Em minha família, a única que apoiava nossa relação era minha mãe, meus irmãos eram contra por saberem que ele era usuário de cocaína, desde então, eles me falaram sobre essa parte dele, mas, toda  vez que ia perguntar ele falava que era invenção das pessoas e que nunca tinha nem provado. Adivinhem em quem acreditei?! Além disso, ele já me traiu por duas vezes, uma no primeiro ano de namoro e outra no 2º ano, sendo que na 2ª vez eu peguei, foi horrível, meu mundo caiu, pois desde o início depositei todas as minhas fichas naquela relação. Sempre achei que não poderia perdê-lo, pois não acharia outra pessoa melhor que ele - Eita auto-estima hein?!...rsrs... - A menina com quem ele ficou dessa 2ª vez era dependente química e foi assassinada alguns anos depois. Nem precisa falar que desde essa época já não era mais para ter dúvidas da situação dele, porém, mais uma vez decidi acreditar e o perdoei.
Durante o período em que ele ficou com ela, acho que uns 2 meses, começou a se relacionar com más companhias e chegou a ser ameaçado por traficantes do bairro, 2 de seus amigos morreram assassinados em uma noite quando foram enfrentar um cara com quem eles tinham uma rincha, o meu esposo estava indo junto também, mas como eu estava chegando em sua casa (peguei ele no meio do caminho) ele voltou para ficar comigo. Diz que salvei sua vida. Devido aos fatos ocorridos e com medo de represálias, seus pais resolveram ir embora para o Rio de Janeiro e o levaram junto, nessa época já tinha voltado pra ele e ficamos longe por 6 meses. Ele vinha me ver a cada 15 dias, até resolver voltar de vez. Namoramos por mais 3 anos e nos casamos em 2006.
A verdade é que desde o primeiro ano de namoro, quando aconteceu a 1ª traição, já não confiava mais nele, como diz o ditado: gato escaldado tem medo de água fria. Mas, por medo de deixá-lo e não conseguir suportar a vida sem ele, decidia sempre permanecer e fingir enterrar tudo aquilo em um lugar do nosso passado. Como se eu estivesse errada em ter esses pensamentos, como se tivesse errado com ele, me culpava demais por não conseguir aceitar aquela situação.
Hoje posso perceber que o nosso relacionamento já era doentio desde então... E me pergunto por que não cortei o mau logo pela raiz, teria poupado pelo menos uns 10 anos da minha vida e isso...isso é tempo pra caramba.
Não sei se houve traição depois dessa 2ª vez, mas sempre tive o meu pé atrás e ainda tenho. Penso que a qualquer momento ele vai colocar uma mulher em casa, afinal já estou longe há quase 20 dias . Não sei bem o que pensar, tenho dúvidas de seu sentimento por mim, não sei se é amor ou dependência.
A psicóloga me diz que ele é viciado em mim e que sou sua 2ª droga e que a melhor coisa que posso fazer por nós é me afastar, pois juntos não há chance nenhuma de cura para ambas as partes. Ela me passou um filme que se chama "Quando um homem ama uma mulher". Esse filme narra a história de um casal em que a mulher é alcoólatra, o homem por sua vez passa por todas as fases de um verdadeiro codependente e quando a mulher fica bem ele começa a ficar mal porque ela está tomando as rédias de sua vida e ele está perdendo o controle. É a chamada balancinha da codependência: quando um está lá em cima, o outro está lá embaixo. Enfim é uma linda história, no final eles ficam juntos, mas quando os dois já estão bem e recuperados.
Olhando para tudo que já vivi e que estou vivendo não sei como será o meu fim. Não sei meu esposo terá a oportunidade e vontade verdadeira de se recuperar. A única certeza que tenho é minha recuperação e isso...ah isso EU QUERO!  E se eu quero, eu posso eu consigo!




Deus, conceda-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar as coisas que posso e a sabedoria para distinguir uma da outra.
Vivendo um dia de cada vez, apreciando um momento de cada vez. Recebendo as dificuldades como um caminho para a paz, aceitando como Jesus o fez este mundo pecaminoso com ele é, e não como gostaria que fosse. 
Aceitando que o Senhor fará tudo dar certo se eu me entregar a Sua vontade, pois só assim poderei ser feliz nesta vida e supremamente feliz ao Seu lado na eternidade. Amém!  


SÓ POR HOJE!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A recaída

Sua última recaída foi no dia 28/06, há 18 dias, e até o momento ele não conseguiu levantar. Saí de casa desde então, decidi que não quero mais essa vida para mim. Ainda não temos filhos e não consigo imaginar uma família estruturada ao lado dele, pois suas recaídas estavam sendo cada vez mais constantes,  quando me deixava confiar um pouco mais, pronto! Acontecia a recaída. O ciclo estava se repetindo cada vez mais depressa. Não sabia mais o que fazer, no auge do desespero e de minha função de salvadora, imaginava que a minha presença iria amenizar a situação. O que de fato acontecia, porém não por muito tempo, ele não conseguia segurar a onda e voltava a mentir e me manipular para mais uma vez voltar às drogas. Já escondi o seu cartão e assumi todas as responsabilidades quanto ao pagamento das contas, evitei por muitas vezes que ele saísse de carro e o fiz vender sua moto, dizendo que tudo isso facilitava o seu consumo...Como se isso fosse de minha responsabilidade. Tudo era administrado por mim. Muitas amigas, por vezes invejavam a situação, pelo fato de ter o meu marido e todo o seu dinheiro em meu controle, diziam que hoje já não existem homens assim, mas, o que elas não sabiam era o real motivo daquela situação.
Nesse período que estou longe de casa, ele já tentou de várias maneiras me fazer voltar. Chorou, implorou, se arrependeu e tudo o mais que já estou acostumada a ouvir após suas recaídas. Estamos de férias, que por sinal foram programadas para viajarmos e curtirmos juntos. Infelizmente não foi possível, tento imaginar que essas não estão sendo as minhas piores férias, mas é inevitável. Procuro pensar no lado positivo, de que estou descansando e me fortalecendo para voltar ao trabalho, o que na verdade, se tivesse que ir trabalhar nessa situação, seria muito mais difícil. Eu não entendo por que tudo isso aconteceu, nós estávamos bem e contávamos os dias para o nosso descanso, enfim, tive mais uma prova de que essa doença é realmente traiçoeira.
Hoje ele veio atrás de mim, fazer uma pressão, disse que se eu não fosse mais voltar que tirasse todas as minhas coisas que ainda estavam em casa e eu mais que depressa fui. Quando ele viu que eu realmente estava decidida, começou novamente a me implorar para ficar, chorei muito e confesso que a minha vontade era realmente a de ficar. Ver a minha casa, meus cachorros(que amo de paixão) e minhas coisinhas cuidadas com tanto carinho me partiu o meu coração; além do que, não posso negar, sinto a sua falta sim, apesar de tudo! Tive que ser forte e pensar que também estou doente e preciso cuidar de mim primeiro, permitir que ele chegue no fundo do poço sem salvá-lo me dói muito, mas sei que é a única alternativa que tenho, por amor a ele também. Tenho muito medo do que possa acontecer com ele, pois ele está sozinho em casa, temo por algum tipo de complicação pelo uso abusivo da droga, por mais que saiba que não é minha responsabilidade, não sei se conseguiria suportar.
Durante esse período, sei que ele está consumindo cada vez mais, o cartão do banco não está comigo, mas, acompanho a movimentação online e ele já fez vários saques em valores altos, temo demais por uma overdose. Mas o que posso fazer Deus?! Sei que minhas mãos não são perfeitas e não sou a sua salvação. Peço a Deus todos os dias para que o proteja  e não permita que o mal lhe atinja, para que ele possa ter a oportunidade de desfrutar de uma vida plena. É só o que posso fazer.
Hoje em nossa conversa, disse a ele que admiti a minha impotência e resolvi procurar ajuda, pois sozinha sabia que não conseguiria, o meu psicológico está muito abalado e sinceramente não tenho cabeça para nada. Em minha terapia minha psicóloga diz que isso é normal e que é como uma pessoa que está em luto, onde ela for carrega com ela, mas isso um dia passa.Nem preciso dizer que ela me apóia quanto a separação né?!...Disse que foi a decisão mais sensata que tomei e que graças a Deus ainda não tenho filhos, porque as coisas seriam bem piores, pois a criança não tem culpa das nossas escolhas.
Disse a ele que sozinho é difícil conseguir e que ele precisa buscar ajuda por ele e não por mim. Ele disse que iria buscar ajuda profissional e que iria sim se recuperar. Por ele!
Mas, não foi isso o que aconteceu. Na verdade acho que ele ainda não quer. Dia 18 agora ele completa 32 anos e nessa mesma data no ano passado, ele estava em instituição de recuperação, pensei mesmo que esse ano seria diferente.
Nós temos 2 carros, um está com ele e outro comigo. O que está com ele, deu um probleminha e ele ainda não teve"tempo" de arrumar, então veio pedir o meu para ir ao supermercado fazer umas comprinhas para o aniversário dele, sei bem o tipo de comprinha,disse a ele que não poderia emprestar porque não tinha necessidade dele ir hoje, pois o aniversário é somente quarta, amanhã ele pode ir porque seus pais estarão em casa e poderão ir com ele, não disse essa parte dos pais, mas como sua mãe havia me ligado dizendo que não poderia ir hoje e pediu para que eu fosse com ele, resolvi não emprestar. Se ele quer usar, não sou eu quem vou facilitar. Isso foi por volta das 17h00 de hoje, por volta das 21h00 liguei para ele e ainda não havia chego em casa, disse que estava tentando ir ao supermercado, mas não foi. Imagino sim, chovendo e fazendo frio, em que lugar será que estava tentando chegar, ao supermercado tenho certeza que não. Ele não para com suas manipulações e cada vez mais penso que ele realmente não quer parar e sim ter as duas coisas:  a droga e eu, afinal ele consegue me enganar direitinho, pelo menos é o que pensa.
Escrevo aqui porque me faz bem desabafar, trazer as coisas à tona me ajuda a clarear a mente e por incrível que pareça consigo enxergar as coisas como realmente são.
É isso!

Deus conceda-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar e a coragem para mudar as que posso. Só por hoje!


domingo, 15 de julho de 2012

A vida muda quando eu decido mudar

Como disse no post anterior tenho todos os dias celebrado a minha recuperação, por mais difícil que isso seja, posso dizer que só por hoje não vou recair. Aprendi que assim como os dependentes tentam curar as suas dores usando a droga, nós codependentes tentamos curar as nossas dores cuidando de pessoas, que no meu caso é o meu esposo, o alívio é imediato mas depois sofremos com as dores das consequências de nossos atos. Enquanto estava lá salvando meu esposo, me sentia cada vez mais culpada e com raiva de mim mesma por ter me deixado enganar mais uma vez. Dizia: Ele mentiu para mim, quando na realidade eu havia deixado me enganar, pois muitas vezes a verdade está bem diante do nosso nariz e por medo de encarar a realidade e sair de nossa zona de conforto, nos deixamos enganar pensando muitas vezes que isso um dia irá mudar, um dia meu esposo irá deixar a droga e querer ter uma família saudável e feliz comigo, um dia isso irá acontecer. Já acreditei em tantas coisas, que as vezes nem eu acredito que fui capaz de acreditar...A incerteza e a expectativa com relação ao futuro me consumia, e ainda me consome.
Quando descobri a dependência química de meu esposo, não conhecia nada, nem de dependência e muito menos de codependência. Já manipulei muito meu esposo, achando que o meu amor e o simples fato de estar com ele nessa luta, que acreditava ser nossa, iria fazer pará-lo de usar. Percebi que meus pensamentos e minhas atitudes só facilitavam as coisas para ele, afinal ele poderia ter as duas coisas que amava: a droga e eu.
Nesse período pude conhecer um pouco mais sobre essa realidade, acompanhei muitos blogs que me fizeram chorar por muitas vezes parecerem estar narrando a minha história, aliás parece que todas as histórias são iguais. Comecei a fazer terapia em grupo para familiar de dependente químico, comecei a fazer terapia individual com uma psicóloga e estou lendo um livro muito bom chamado " Codependência nunca mais" da Melody Beattie, fantástico e muito esclarecedor. Hoje já vejo os frutos de minha recuperação, ainda que pequenos e lentos, já consigo ver. Por que? Porque eu quis, porque assumi a responsabilidade de minha vida e porque se eu não desse o primeiro passo, ninguém poderia ter dado por mim.
E quanto ao meu esposo? Bem, aí já é outra história. Ele é dependente em cocaína, tem 31 anos, um emprego que muitos queriam ter e uma mulher que apesar da codependência sempre o honrou acima de tudo, até mesmo acima de seus interesses e ideais. Como diz a minha psicóloga: ele nunca irá encontrar uma mulher melhor que você. As vezes me pergunto: O que falta para ele cair na real? A resposta eu não tenho, mas dessa vez, estou tentando algo diferente, por mim, mas também por ele.
Como disse antes, sempre achei que o meu amor e minha dedicação iriam curar meu esposo; o que, é claro, não resolveu o problema. A cada recaída sua, ouvia suas promessas, acreditava e perdoava (achava que perdoava) e continuava a vida. Já ouvi muitas promessas de recuperação, programas e terapias iniciados e nunca terminados, promessas de que tudo iria ser diferente, de que ele conseguiria se estivesse a seu lado. Tudo em vão.
Percebi que minhas atitudes após sua recaída prejudicavam a ambos e consegui enxergar com clareza a situação. Agora sim, compreendi o que é negação e só por hoje decido sair dela.

"Negação não é mentir; é não permitir a si mesmo saber qual é a realidade." (Melody Beattie- Codependência Nunca Mais)

Deus, conceda-me a serenidade. Só por hoje!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Começando do começo

Sou G. tenho 27 anos, codependente e esposa de um dependente químico que não está em recuperação (infelizmente)...Minha jornada começou há 12 anos quando conheci esta pessoa que hoje é meu esposo. No começo tudo eram flores, aliás até bem pouco tempo atrás tudo parecia ser somente flores, tínhamos uma vida consideravelmente feliz, pelo menos por minha parte, não havia maiores problemas a não ser aqueles comuns a todos os casais.
Somente há 1 ano atrás descobri definitivamente a dependência química de meu esposo, vi meu mundo cair meu castelo desmoronar e o meu príncipe virar sapo. Neste último ano chorei muito, mas também aprendi muito com todo esse sofrimento. Hoje sou uma pessoa melhor, ainda em pedaços que precisam ser reconstituídos, mas que celebra todos os dias a sua recuperação.
Admito a minha total impotência diante do problema de meu esposo e assumo total responsabilidade diante de minha vida e minhas escolhas.