sábado, 29 de setembro de 2012

E de quem é o controle?

É primavera. Sábado, 23h13, aqui faz muito frio. 3 meses que saí de casa.

Hoje fui ao centro da cidade fazer umas comprinhas, cuidar um pouco de mim e distrair a cabeça. Isso me fez bem, fazia tempo que não saía sozinho com um tempo só para mim.
Meu marido continua me ligando sempre e comecei a perceber que as coisas mudaram um pouco de lado. Ele está fazendo o que antes era o meu papel, está querendo me controlar. Está com medo de me perder e achando que já arrumei outro. Quanta paranóia! Não arrumei outro e nem estou a procura. Estou de boa porque no momento é o melhor que posso fazer.
Ontem ele me ligou perguntando o que eu iria fazer hoje. Disse que iria sair logo pela manhã.Ele me perguntou para onde e eu respondi que iria até o centro da cidade, pois, estava programando isso a semana inteira, já que durante a semana não consigo ir até lá.
Aí ele falou para eu não ir e assim nós poderíamos sair cedo e passear com as crianças (os cachorros), falei que não poderia mesmo, pois, estava precisando desse tempo para mim. Ele perguntou se poderia ir junto e aí eu falei que iria demorar e achava melhor ele não ir, afinal ele nunca teve paciência para essas coisas. Ele insistiu e eu perguntei o porquê? Ele me disse que só estava querendo consertar a cagada que ele fez. Falei que essa não seria a melhor maneira de consertar a cagada, mas, mesmo assim aceitei que ele fosse comigo. Pediu para que eu ligasse de manhã e acordasse ele. Assim o fiz. Ele não foi. Disse que estava mal e não iria. Sei muito bem porque ele estava mal.
Depois disso eu fiquei pensando e cheguei a uma conclusão: Ele está querendo me controlar.
Na verdade ele não queria sair comigo coisa nenhuma, mas, estava apenas me testando porque está desconfiando de mim. Se eu falasse para ele que não era para ele ir de jeito nenhum, ele iria ficar com a pulga atrás da orelha, mas, como no final eu acabei aceitando que ele fosse, é sinal de que eu não iria fazer nada demais. Aí ele relaxou e quando fui chama-lo para ir comigo, ele não quis mais. Tenho certeza de que se eu tivesse negado a companhia dele, ele não teria nem dormido e já estaria batendo aqui antes mesmo de eu acordar.
Enquanto eu estava lá na cidade, ele me ligou umas 10 vezes só para perguntar onde eu estava. Aquilo me irritou, porque ele fica falando que não quer que eu controle a vida dele. O que ele está tentando fazer com a minha?
Quanto eu estava vindo embora, o telefone tocou de novo: Onde você está? Tô indo embora. Mas, em que lugar você está? Disse o nome do bairro. Tá vou te esperar na sua mãe.
Estava abrindo o portão quando ele chegou. Estava com uma moto diferente. Perguntei se tinha trocado de moto e ele disse que não. Falou que a dele tinha quebrado. Chamei ele para entrar e ele disse que estava com pressa, pois tinha que devolver a moto. Perguntei de quem era e ele falou que era do dono da boca, ele pegou emprestada porque eles ficaram lá arrumando a dele. Eu falei para ele: Então além de traficante ele é mecânico também. Legal né?! Ele apelou e eu também. Foi embora.
Ele veio aqui só para tirar satisfação do porque eu não o procurava. Disse a ele que enquanto ele estiver optando pelas drogas, eu opto por viver longe delas.
Está a cada dia mais acabado. Um olhar opaco e cheio de manchas, além de muitos quilos mais magro. Pouco lembra o homem de tempos atrás. Tão lindo e cheio de vida.
Mais tarde ele ligou, perguntando se eu estava mais calma. Aí começou a mesma ladainha de novo e eu continuei afirmando para ele que a minha postura continua a mesma. Não aceito drogas. Discutimos de novo. Perdi a minha serenidade e acabei falando umas boas verdades que estavam entaladas dentro de mim. Acabei chorando e não gostaria de ter feito isso, pelo menos não para que ele ficasse sabendo. Entre outras coisas, disse a ele que a cada dia que se passa a distância entre nós aumenta. Você só tá se afundando cada vez mais nessa m... de buraco que você se enfiou. Acorda para a vida e admite que sozinho você não consegue. Até quando vai ficar nessa?! Chega aqui e fala para mim que tá arrependido e que vai mudar. No outro dia já está se drogando de novo. O que você quer afinal? Nunca dá o primeiro passo.
A conversa foi tensa. Tive uma recaída e perdi o foco novamente.
Não tenho nenhuma responsabilidade sobre a vida dele e feri um princípio do meu processo de recuperação:


Pare de dirigi-lo ou controlá-lo
Significa não ajudar e não dar conselhos. A outra pessoa, tem a mesma capacidade de procurar um terapeuta, N. A, A.A, ou o que for. Quando me responsabilizo em encontrar a solução, tiro-lhe o peso da própria vida. E quando os meus esforços não derem certo, será a mim quem ele culpará.

É isso. A minha codependência grita querendo me fazer acreditar que eu sou ou tenho o remédio para esse mal; que se eu estiver no controle tudo se resolverá. Uma falsa culpa tenta entrar em meu coração querendo tirar a minha serenidade.

SPH eu admito a minha impotência e entrego o problema nas mãos daquele que pode resolver: Deus!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O que posso fazer? O que posso dizer?

Hoje aconteceu uma história engraçada no meu trabalho. Temos um colega, um senhor de seus cinquenta e poucos anos, que sofre com problemas de alcoolismo. Já há algum tempo ele não está indo trabalhar, pois teve uma recaída. A assistente social foi até sua casa conversar com ele e oferecer um tratamento,ele não quis papo. Já foi internado algumas vezes, mas, sempre recai. Hoje, um motorista nosso chegou falando que iria lá na casa desse Sr. buscá-lo para levar para a saúde mental (acredito que o mesmo hospital de internação do meu marido). Uma colega minha espantada perguntou: Saúde Mental?! O motorista respondeu: Sim, saúde mental! Vamos ver se ele aceita se internar! Aí ela retrucou: Mas, e a mulher dele não está lá com ele, cuidando dele?!
Nessa hora eu não aguentei e entrei na conversa: O que adianta a mulher dele estar lá com ele?! A doença é dele e por isso ele precisa querer tratamento. Ninguém pode obrigá-lo a nada e ele só vai sair dessa se ele quiser. Ela ficou quieta. Ela já sabe do problema do meu esposo, mas, não sabe que estou separada dele e nem imagina que ele recaiu, pois, quando contei o problema ele estava em sua primeira internação, há 1 ano atrás. Depois nunca mais comentei sobre o caso.
Aí, continuando a conversa sobre a internação desse Senhor, ela disse: Uma coisa é certa, mulher desiste, mãe não. Qualquer mãe vai até o fim, se fosse a minha filha, eu iria até o fim.
Aí nesse meio tempo, entrou outra colega na história: Nem toda mulher desiste. Minha mãe viveu com o meu pai alcoolatra e não se separou dele (Ele já morreu, com apenas 42 anos) . Ele nunca faltou no emprego, mas chegava todos os dias tarde por conta da bebida e quando chegava no fim do mês, ele gastava todo o pagamento com a cachaça dele. Quando ia em festas de família, dava vexame porque não sabia beber. Bebia, dava show e ia dormir na cama dos outros, fazia xixi todas as vezes. Mas, ela não desistiu! As pessoas falavam para ela se separar dele, mas, ela sempre lutou e nunca aceitou a separação!

Percebem que como as mulheres que permanecem, muitas vezes são vistas como salvadoras, verdadeiras heroínas? Eu me sentia assim, todas as vezes em que permaneci firme ao lado dele. Tinha orgulho quando as pessoas olhavam para mim e falavam: Nossa ela é forte, já passou por cada uma e ainda está junto. É amor de verdade. Sim, eu me sentia forte. Sim, eu me sentia capaz de controlar a doença dele. Sim, eu acreditava que o meu amor mudaria tudo. Doce ilusão!
Como eu gostaria de acreditar que o meu amor é capaz de mudar tudo. Seria tão mais fácil e com certeza não teria perdido o meu marido para as drogas, afinal, o meu amor por ele seria o suficiente para mantê-lo longe disso tudo. Mas não, isso não foi e não é possível. Somente o amor dele por si próprio será capaz de tirá-lo disso tudo.
Quando eu estava com ele, fazia bem para o meu ego ouvir essas palavras de encorajamento. Eu me sentia cada vez mais responsável pela recuperação dele e cada vez mais esquecendo que eu também precisava de ajuda. Era um jogo desigual e quando me dei por conta já estava lá embaixo.
A decisão de sair ou de permanecer não é fácil e ambas geram consequências. Mas, a melhor decisão é sempre a SUA! Não importa qual seja. A minha decisão foi a de abandonar o barco. Não porque deixei de amar, mas, justamente pelo contrário.
Quando analiso a minha saída de casa, percebo que eu fiz isso pensando nele, porque ele realmente enxergaria a perda e aí buscaria tratamento. Não fiz isso porque ficaria melhor sem ele, porque eu não fiquei. Gostaria muito de ter ficado melhor, mas, no coração a gente não manda né?!
Hoje, eu sei que fiz a melhor escolha por MIM, pois já não estava mais aguentando viver naquela situação de constantes recaídas. Meu coração se amargurava demais e hoje, posso dizer que estou melhor.

Meu marido segue torrando o dinheiro que ainda tem no banco. No domingo mostrou sinais de querer a recuperação, disse que iria procurar tratamento e que a gente ia ser feliz de novo. Disse que quer me reconquistar e para isso sabe que precisa ficar bem. Afinal, eu não aceito drogas e estou certa. Disse ele.
Falou que iria ligar para o nosso Pastor que cuida de dependentes químicos, mas, até agora nada fez. A droga realmente tem sido a coisa mais importante na vida dele. O que mais ele precisa perder meu Deus?!
Eu fico aqui, imaginando mil e uma coisas. O que será que eu posso fazer pela recuperação dele?!...Manipular? Forçar o fundo do poço? Obrigar ele a me dar o dinheiro do banco?Fazer uma internação involuntária?
São tantas coisas que eu imagino que acabo até tirando o foco da minha vida, mas, o que fazer quando a pessoa faz parte dela também?! Não sei, não sei, não sei!
Peço a Deus para que me dê forças suficientes, pois creio que Ele está fazendo a obra e no tempo certo Ele irá resgatá-lo. Eu tenho fé e não quero desanimar!
É claro que gostaria de vê-lo transformado e voltar a ser o meu marido. Nós temos tantos sonhos paralisados. Mas, se não for para ser, ainda sim quero vê-lo bem e longe dessa maldita droga! Meu Deus, será que isso é possível Senhor!
Não consigo conter as lágrimas ao ter que aceitar que as coisas não são como eram antes dessa maldita. Que o meu marido não é mais o mesmo e que eu também não sou mais a mesma. Que os nossos sonhos juntos, talvez nunca mais sejam realizados e que as nossas almas seguirão sempre com essas cicatrizes.

Deus conceda-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar!

SPH quero me permitir chorar, pois, não preciso ser forte todos os dias.
SPH quero me permitir entristecer, pois, a alegria certamente virá na próxima manhã.
SPH quero me arrepender e sentir a dor das minhas atitudes insanas, pois, eu também sou imperfeita.

Mas...SPH!

Deus dai-me forças para seguir em frente. Eu continuo crendo nas Tuas promessas para a minha vida! 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

As histórias se repetem...


Hoje gostaria de falar um pouquinho sobre a história da minha família e como ela têm influenciado a minha vida até aqui. Para mim, entender a história da minha família e aceita-la como ela é , está sendo um grande passo para a minha recuperação. Muito ouvi falar sobre isso e muito já li sobre isso, mas, quando olhei verdadeiramente para a minha família percebi que existia algo errado.
Neste post vou tentar relatar um pouco dessa história e o que tem haver com a minha situação atual.

Começando pela minha avó:
Sempre foi muito religiosa. Era professora e catequista. Teve muitos filhos com meu avô e sempre os defendia acima de tudo.
Meu avô era alcoolatra e sempre que chegava em casa bêbado partia para cima das crianças, procurando algum motivo para agredi-los. Uma vez deu uma facada em minha mãe, quando ela ainda era bebê e estava dormindo em seu berço. Minha mãe tem a marca da facada ainda hoje e nunca o perdoou por isso.
Minha avó não aceitava tamanha maldade que ele cometia contra seus próprios filhos e enfrentava-o, por isso, ele também a agredia. Ela aguentou isso até o fim da sua vida!

Minha mãe:
Saiu de casa quando ainda tinha 15 anos. Não aguentou mais a imposição do meu avô diante do lar. Ele tinha arrumado um marido para ela e ela não aceitava aquilo. Fugiu de casa e começou a viver a vida sozinha.
Minha mãe foi vítima de vários relacionamentos destrutivos. Relacionou-se com homens abusadores e inacessíveis assim como meu avô. Nunca foi agredida fisicamente, mas, emocionalmente foi muito abusada. Esses homens não a respeitavam, a traiam e humilhavam como se ela fosse apenas um objeto, sem valor algum.

Minhas irmãs:

C.
Casou quando tinha ainda 15 anos, teve dois filhos nesse relacionamento. Seu marido a traiu e foi embora com sua vizinha e melhor amiga. Depois ele se arrependeu e ela o aceitou de volta. Depois ele a traiu com outra mulher e mais uma vez foi embora, se arrependeu e ela o aceitou. Isso por inúmeras vezes. Hoje, eles estão separados, mas, acho que se ele pedir para voltar ela ainda o aceita.


E.
Engravidou aos 17 anos. Seu marido? Usuário de Cocaína. Ela resistiu a tudo e o aceitou, perdoou por todos os erros: noitadas regadas a drogas e traições. Juntos, tiveram dois filhos e permanecem juntos ainda hoje.  Ele conseguiu resistir ao vício, graças a um Deus bondoso e misericordioso. Mas, e as sequelas? Elas ficaram.
A filha deles é codependente e se casou com um homem alcoolatra, que não admite o seu vício e acha que não tem nada demais beber como ele bebe.
 

L.
Casou com um dependente químico. Com ele teve duas meninas. Resistiu ao casamento por 16 anos e hoje, como ela diz, graças a Deus está liberta. Foram muitas idas e vindas, muitas promessas de que tudo seria diferente, que ele realmente iria mudar. Em todas as vezes ela caiu do cavalo. Cansou de sofrer e resolveu se separar definitivamente. Hoje ela vive um relacionamento sereno, com alguém que a valoriza realmente. E mais uma vez as sequelas:
Sua filha namora um DQ também. Não consegue deixar dele e toda vez que termina o namoro ele a enche de mimos e promessas de amor eterno. Ela acredita e dá mais uma chance. Ela não é feliz, vejo isso em seus olhos. Uma menina tão linda e tão jovem com muitas oportunidades pela frente, se acabando por um relacionamento desses. Não consegue dar um basta e dizer não quando ele a procura.


Eu:
Comecei a namorar com 15 anos e com esse mesmo homem me casei. Perdoei erros imperdoáveis e acreditei em promessas infundadas. Tudo em nome de um “amor” que EU não queria abrir mão. Sentia-me uma só com ele e se estivesse longe era como se uma parte de mim estivesse faltando. Ou seja, codependência total desde o começo.

O que eu enxergo quando falo sobre a história da minha família?
Simplesmente que as histórias se repetiram e continuam a se repetir.

No mundo espiritual, chamamos isso de legalidade, ou seja, existe uma permissão aberta para que o inimigo ataque sempre nas mesmas áreas; e na ciência, chamamos isso de padrão, pois as histórias, atitudes e desfechos seguem sempre o mesmo padrão.
Seja legalidade ou padrão, isso fica bem claro na história da minha família e tenho certeza de que na de muitas outras também. O fato é que enquanto não chegar alguém e resolver quebrar logo isso, as futuras gerações continuarão sendo marcadas pelas mesmas histórias. E eu me sinto meio que na obrigação de quebrar esse ciclo vicioso, afinal, eu tive a oportunidade de entender isso muito mais cedo que as minhas irmãs. As marcas ficarão em mim, mas, percebo que se eu quebrar isso agora, não trarei as mesmas consequências para as minhas gerações.
Percebo que toda decisão gera uma consequência e eu devo escolher quais são os tipos de consequência que quero para os meus:

Posso permanecer como a minha irmã E. = Acreditando que um dia as coisas irão melhorar e perseverar insistentemente ao seu lado. Como meus filhos me verão? Como uma mulher que tudo sofre, tudo suporta, tudo espera pelo seu amor, ainda que esse amor seja destrutivo. Serei uma mulher maravilha por ter suportado tudo aquilo e consegui alcançar a graça de ver meu marido limpo. Qual será o exemplo que meus filhos vão querer seguir? O meu é claro!

Posso permanecer como a minha irmã L. = Acreditar nas promessas de que tudo irá mudar e continuar dando todas as chances possíveis, por medo de enfrentar o mundo sozinha, por medo de enfrentar a mim mesma. E, no final perceber assim como ela percebeu, que não valeu a pena! Hoje ela vive uma vida bem diferente e é amada de verdade. Pena que demorou para descobrir isso.

Posso ser diferente de todas e arriscar um futuro diferente para as minhas gerações = Assim como as minhas irmãs seguiram o exemplo de família, suas filhas também estão seguindo. Sinceramente! Não quero isso para os meus filhos. Quero que eles tenham uma nova perspectiva de vida e vejam que tudo tem limites, que cada um tem a sua individualidade e isso deve ser respeitado.

Não posso assegurar que meus filhos não serão codependentes, afinal eu sou uma, em recuperação graças a Deus!...rs...Mas, posso e tenho a obrigação de mostrar a eles, o outro lado da vida. Dizer a eles a parte que esqueceram de me  falar: Você pode sim existir sozinha! Não precisa de ninguém para te fazer feliz, afinal, a felicidade não está em outras pessoas.
O que acontece é que todos nós, de uma certa maneira, temos o medo do novo e por isso não ousamos arriscar em histórias sem precedentes. Preferimos continuar no que nos é comum e cômodo, ainda que isso signifique um relacionamento infeliz, preferimos tapar os nossos olhos e acreditar que um dia irá melhorar. Afinal, foi assim com toda a minha família. Todas persistiram e foram até a última gota. Será que comigo vai ser assim também? Será que eu já cheguei na minha última gota?
Enfim, essa é a história da minha família. Uma história que foi passando de geração em geração, desde a minha avó até as minhas sobrinhas. E agora, a bola tá comigo! E só eu tenho o poder de mudar a trajetória da minha vida!

Não posso mudar o meu passado, mas posso começar agora a construir um novo futuro.

domingo, 23 de setembro de 2012

Limites no relacionamento

Esse foi o tema da palestra, desta última sexta feira 21/09, do meu programa de recuperação. Deus falou muito ao meu coração, tanto durante a palestra quanto durante a partilha. E mais uma vez pude ter a certeza de que ele não ver sofrimento e sim felicidade plena.
Parei um pouco para refletir sobre os meus limites, porque haviam sido impostos e o quanto me afetava toda  vez que eram ultrapassados.

Os meus limites são os seguintes:

1. Não aceito mentiras
2. Não aceito drogas
3. Não aceito noites fora de casa

Tendo estabelecido os limites não posso aceitar situações que ultrapassem os meus limites. Saí de casa porque esses limites foram ultrapassados e me afetaram diretamente. Deus me deu liberdade para escolher o caminho, por isso devo sempre escolher o que Deus tem de melhor para mim. Se está ruim é porque ainda não chegou ao fim. Deus já sabia dos meus dias, mesmo antes de eu nascer e tenho a certeza de que as Suas promessas para a minha vida não se encerram em um dia triste.
Todas as vezes que eu permitir o rompimento da barreira dos meus limites, estarei de certa forma, deixando de viver o melhor de Deus; porque ficarei entristecida, magoada e sem controle das minhas emoções.
Cada pessoa é de um jeito e por isso cada uma tem o seu próprio limite, para algumas pessoas os meus limites são "fichinha" de passar e para outras já são um absurdo. Mas, olhando para os motivos que me fizeram estipular esses limites, tenho a certeza de que não conseguiria manter a serenidade, caso eles voltassem a ser ultrapassados. Por que?

1. Eu não aceito mentiras porque acredito que a confiança é a base de qualquer relacionamento. Onde não há confiança, não há espaço para um amor verdadeiro.

2. Eu não aceito as drogas. Tudo bem, ele está acabando com a vida dele, mas, a partir do momento em que estou com ele, está acabando com a minha também. No meu caso, não acredito que dê para se desligar emocionalmente, ver ele se acabando e ficar bem. Sabe por que eu falo isso? Porque eu quero um marido presente, porque eu quero ser mãe, porque eu quero que meus filhos cresçam em um lar saudável e porque eu quero que meus filhos vejam nos pais exemplos a serem seguidos. E em que momento ele poderá oferecer isso a mim enquanto estiver na ativa? Nunca!

3. Eu não aceito noites fora de casa porque ele casou comigo e não com as drogas ou qualquer outra coisa. Cada noite que ele já passou fora, era um filme que passava pela minha cabeça: Só drogas? Mulher também? Para mim, impossível aceitar isso. Não gosto nem de lembrar.

Antes de sair de casa, esses limites já haviam sido impostos a ele, porém, ele não acreditava que aquilo realmente me fazia mal e que eu iria pular do barco. E, como eu só posso mudar a mim, não posso esperar que ele se transforme e atenda as minhas expectativas. Ele também está dentro do processo, voltou para a fase da negação (acha que consegue parar sozinho e não precisa de ajuda) e eu nada posso fazer para adiantar esse ciclo. A única coisa que eu tenho certeza é que não posso viver uma vida infeliz por uma escolha que não foi minha: A DROGA! Deus me fez diferente e na minha individualidade, eu posso sim escolher viver longe disso.
Ainda acredito que a recuperação dele é possível sim, mas, tem que partir dele e por enquanto não é o que ele quer.
A minha parte continuarei fazendo, orando e buscando em Deus, para que Ele toque naquele coração. Aos meus olhos, a situação dele já é extrema e não há nada mais que ele precise perder para procurar ajuda. Mas, como o meu tempo é diferente do tempo de Deus, creio que Ele sabe de todas as coisas e no momento certo irá fazer a obra na vida daquele filho perdido.

"Deus ama o pecador, mas abomina o pecado"





 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Não há sinais de recuperação...


Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Jeremias 29:11

Hoje acordei com essa passagem bíblica em minha mente. Acredito que Deus esteja falando comigo, afinal esta palavra me traz a esperança de que posso confiar, porque no fim tudo dará certo. Talvez, não da maneira que eu espere, mas, de um jeito infinitamente melhor, o jeito de Deus.Ele me ligou logo cedo, assim que acordei. Disse que era só para desejar um bom dia de trabalho. Ele tinha o costume de fazer isso. Aproveitei e perguntei como tinha sido a perícia do INSS; ele foi lá ontem e disse que o médico deu mais 30 dias para ele ficar em casa. Fiquei surpresa. 30 dias?
Da primeira vez que ele se internou, ficou 30 dias no hospital, saiu e fez a perícia na mesma semana. A médica que o atendeu também deu um atestado de mais 30 dias, só que a psicóloga orientou ele a voltar no INSS e solicitar a alta, afinal o tempo ocioso é um dos maiores inimigos do DQ. Assim ele fez, voltou a trabalhar na outra semana e logrou 3 meses limpo.Dessa vez, eu acho que ele até pediu por mais 30 dias, afinal ele está tão afundado nas drogas que não tem cabeça nem para pensar em emprego. As vezes acho que enquanto ele não torrar todo o dinheiro que tem no banco, não vai cair na real. O dinheiro sempre foi o ponto fraco dele. O pior é que ele sabe disso e não aprende.Quando nos falamos por telefone, disse a ele que aproveitasse esses 30 dias para entrar em recuperação e ele disse que iria ficar me esperando, só que ele sabe que eu não saí da m...para voltar para a mesma m...E ainda assim, não cai na real. Eu fico me perguntando, o que está faltando? O cara perdeu a mulher, tá quase perdendo o emprego (afinal não sei se quando ele voltar a empresa irá mantê-lo). O que tá faltando?! As vezes eu acho impossível ele me amar da maneira como diz, afinal ele não ama nem a si mesmo ao ficar se destruindo a cada dia mais. É uma história complicada e difícil de se entender. 
No domingo ele disse que tinha alugado uma casa e que estava de mudança, pediu para que eu fosse com ele. Perguntei onde? E ele falou o nome do bairro que é o point principal do crack em nossa cidade. Falei para ele que nem que eu quisesse voltar a morar com ele iria para aquele lugar. Aí ele ainda me falou (cara de pau) fica tranquila porque lá ninguém vai mexer com a gente, fica ao lado da biqueira. Ah! Faça-me o favor! O cara tá perdendo o senso né?! 
Ele continuou insistindo e sugeriu que fossemos morar em outro lugar, ele entregava essa casa e alugava outra longe disso. Disse que as coisas não aconteceriam dessa maneira e que depois que ele fosse a busca de sua verdadeira recuperação, nós poderíamos "conversar" sobre o assunto.
A verdade é que esse tempo que estamos separados, me fazem refletir sobre o que realmente quero para a minha vida. Eu sei que não tenho culpa por causa da situação dele, mas, ficar ao lado dele me faz sentir assim. Ele me faz sentir assim.Conversando com ele, que insiste em dizer que eu sou o seu ponto fraco, que quando eu faço algo que o entristece ele recai. Muito fácil colocar a responsabilidade nas costas do outro. Lembrei de quantas vezes nós estávamos bem, em paz e mesmo assim ele recaía.
Por essas e outras que fico pensando se realmente devo esperar por ele...Será que vale a pena? Será que ele me merece? Será que eu mereço ele? Não sei! Gostaria de ter as respostas.
As vezes acho que vai ser melhor pra nós dois se realmente nos separarmos. Eu não quero ser o motivo de sua recuperação e nem a causa de suas recaídas. Quero viver a minha vida e quero que ele viva a dele. Como eu gostaria que ele entendesse isso. Mais naquela cabecinha não tá entrando nada...rsrs...
Agora há pouco liguei para ele: (Atendeu no último toque)
Tá em casa?
Não, mais daqui a pouco tô indo.
(Minha vontade era perguntar: Tá onde e com quem?! Era o que sempre fazia)
Fiquei serena e disse tudo bem.
Até agora ele não me ligou e se voltou para casa, com certeza está daquele jeito.Porque eu não consigo ver sinal de melhoras nele?! Não imaginam o quanto eu fico martelando em cima disso. E o pior, muito pior, as vezes me pego pensando no que posso fazer para ajudá-lo a enxergar a sua realidade. Sabe, dar aquele jeitinho?!
Sai de mim codependência, não te quero para minha vida!...
Sei que não há nada que eu possa fazer para tirá-lo do fundo do poço. Afinal a descida foi escolha dele e a minha subida foi escolha minha. Não posso descer para resgatá-lo. Ele precisa subir com suas próprias pernas.
Espero que não demore!
E quanto a mim, continuo subindo. As vezes dou uma derrapada, mas um dia conseguirei chegar ao topo.

Deus conceda-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar.SPH!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A rejeição

Eita segundona preguiçosa! Tô cansadaça! Mas, o que importa é que SPH eu estou conseguindo me descobrir e me entender.
Fui ao retiro para dar um importante passo na minha recuperação. Consegui fazer o meu inventário e,em meio ao silêncio da alma e muitas lágrimas derramadas consegui enfim chegar  à raiz do meu problema. Percebi que os meus comportamentos sempre seguiam um padrão e todos eles eram sempre tentando evitar algo: a rejeição!
Desde pequena sempre me senti muito rejeitada pelo fato dos meus irmãos não terem me aceitado, querendo ou não, a filha caçula sempre toma um pouco mais da atenção dos pais. E pelo fato de ter sido a caçulinha meus irmãos nunca me aceitaram.
Ao escrever a minha história, desde a minha infância, pude notar que sempre tive muito medo de ser rejeitada e por isso fazia e aceitava coisas que, de alguma forma, não me faziam sentir essa rejeição. Esse ciclo repetiu-se durante toda a minha vida, inclusive no meu relacionamento conjugal. Aceitei muitas coisas, fiz outras que não tinha vontade de fazer e tudo por causa de que?! Da maldita rejeição! Tá aí, esse é o meu problema! O meu problema não é o meu marido, não são as pessoas que me cercam, não são aqueles que dizem ou não me amar, não são as coisas que dão errado. O problema está em mim! E por isso, o foco também tem que ser EU. Como a gente demora em aprender as coisas né?!...Como a gente demora em perceber os nossos comportamentos repetitivos e,  finalmente como demoramos para olhar para dentro de nós! Mas, faz parte do processo.
Não descobri isso como em um passe de mágica, precisei de uma longa caminhada para chegar até aqui. Não imaginam o quanto eu ansiava por me descobrir e entender como tudo começou; eu já sabia que eu tinha problema, mas, não sabia exatamente o quê. E agora estou com uma sensação de boa. Aquela sensação de já conhecer o problema e poder quebrar os padrões que me afundavam até aqui. Que Deus me dê força SPH!
E quanto ao meu esposo, nos vimos ontem.
Quando ele me ligou na sexta-feira, disse a ele que iria ao Retiro e só voltaria no sábado. Ele disse que tudo bem e ficou até feliz por mais um passo dado em minha recuperação. Lá no retiro, nós ficamos incomunicáveis. Sem relógios, sem celulares, computadores ou qualquer coisa que nos fizessem lembrar do mundo exterior. Ficamos em um silêncio total, apenas sentindo o nosso coração e dedicando todo o nosso tempo àquele momento tão especial que era a nossa descoberta. Assim escrevi o meu inventário: Eu e eu mesma! Tive uma madrinha que depois de escrito me aconselhou e me disse coisas que me fizeram refletir:
Quando conversamos sobre a parte do meu marido. Ela falou que não me aconselha a desistir dele, afinal, ele sempre será o meu marido e se eu desistir dele é como se eu estivesse dizendo para Deus que é impossível. Só que para Deus, nada é impossível e nós temos bons exemplos de pessoas em nosso grupo que conseguiram vencer as drogas, inclusive o crack, e não perder a família. Aí eu disse a ela que estava cansada e tão ou mais doente que ele e por isso não consegui mais viver aquilo. Ela me entendeu e disse que em outro momento quando eu estiver fortalecida, podemos nos encontrar e conversarmos melhor sobre isso.
Na hora que ela falou isso para mim, me deu vontade de falar para ela: É porque não é você que tem um marido vivendo nessa situação! Mas, por outro lado pensei que, até certo ponto, ela também tinha razão: Para Deus nada é impossível. Mas, não sou eu  que vou plantar no coração do meu esposo a vontade dele se recuperar. Se alguém pode fazer isso, esse alguém é somente ele e Deus. Ele precisa se encontrar, assim como eu estou me encontrando. E para isso, a minha única contribuição é entrega-lo nas mãos do Senhor.

Conheço sim muitas histórias de sucesso: O líder desse ministério foi usuário de drogas, acho que por mais de 10 anos, consumia o crack todos os dias. Roubou, mentiu, adulterou e só entrou em recuperação mesmo quando a sua mulher o colocou para fora de casa. Aí sim ele foi procurar um tratamento. Nunca foi internado, apenas teve força de vontade e se rendeu por inteiro ao seu Poder Superior, nesse programa que fazemos em nossa igreja. Ele já está limpo há 5 anos, graças a Deus e SPH; restaurou seu casamento e sua paternidade; sua esposa diz orgulhosa que hoje eles vivem o melhor momento de suas  vidas e ele brincando ainda fala: Calma mulher, ainda tenho muito o que melhorar.
Percebo que ele só entrou em recuperação porque a dor de perder a sua família foi muito maior que toda a euforia que a droga lhe causava. Tenho a certeza de que se eu voltar para o meu marido, ele fará de tudo para realmente parar de usar, pois percebe o quanto ele perdeu devido ao uso. Mas, isso para mim ainda não é o suficiente. Estou cansada de promessas e quero atitudes. Somente depois disso poderei tomar uma decisão definitiva. Não, eu ainda NÃO desisti dele e sei que ele é capaz de sair dessa sim, mas, se ele quiser. Estou em um momento esquisito, que acho que todas passam. O que vale mais: A razão ou a emoção?
A minha razão diz: Cai fora enquanto é tempo! E a minha emoção diz: Dá mais uma chance para ele!
Busco a serenidade para que eu possa sim tomar a melhor decisão para a MINHA vida. Sem culpas ou ressentimentos.
Ele não está nada bem e ver o seu estado de saúde piorar a cada dia mais me deixa muito triste. Não tá conseguindo conter a fissura. Quando ele me viu, me agarrou e chorando  pediu para que pelo amor de Deus, eu não o deixasse naquele momento, porque ele não conseguiria se controlar. Fica comigo! Por favor, não vá embora, eu não tô conseguindo me controlar!
Disse a ele que precisava ficar bem sem mim, porque eu não poderia estar a todo o tempo com ele e essa fissura era somente ele quem poderia conter. Resumindo os meus sentimentos: TRISTEZA! Nunca imaginei vê-lo nessa situação. Quando ele usava cocaína a fissura dele não era tão forte assim, aliás, eu nem percebia. Quando dava conta ele já tinha recaído. Agora com o crack, ele fica transformado: Sua feição muda, começa a suar, tremer, suas pernas balançam e o choro vem fácil. Nesse momento, oramos juntos e pedimos forças ao Senhor. Ele chorou e eu me segurei.
Saímos juntos e passeamos com os cachorros, lavamos o carro e tomamos açaí. Essas coisas o ajudaram a espairecer. Vim embora, mesmo com os seus protestos pedindo para que eu ficasse. Deixei-o para que pudesse enfrentar o restante da luta sozinho. Afinal, a luta é dele.
Pedi para que Deus o guardasse e livrasse de todo o mal.
Não sei se ele conseguiu.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Celebrando a recuperação


Hoje darei um grande passo e um dos mais importantes em busca da minha recuperação. Farei o meu inventário moral e espiritual, começo hoje e só termino amanhã. Estarei reclusa em um grande retiro para que possa me entregar inteiramente a este momento tão difícil, mas, ao mesmo temo tão especial e importante.
Participo de um programa na igreja que é baseado nos 12 passos do AA e adaptado para a nossa realidade espiritual. Na verdade, a única coisa que difere dos outros programas é que o nosso Poder Superior tem nome e se chama Jesus Cristo, no restante os princípios são os mesmos. Também temos o nosso momento de partilha de acordo com os passos apresentados. Lá é o lugar para se rasgar e colocar para fora os  sentimentos, afinal estou com os meus iguais.
O 4º passo, sem dúvida, é o mais difícil do processo de recuperação, pois, é nele que temos que encarar todos os medos, dificuldades e aflições que já passamos para que hoje pudéssemos chegar onde chegamos, no meu caso: A codependência. Muitos desistem neste passo, pois ainda não conseguiram a serenidade e a aceitação necessária para encarar todos os traumas.
A codependência se instalou em mim de tal maneira que já não conseguia ter o controle da minha própria vida, perdi a minha sanidade e já não me enxergava mais. Vivia à sombra de uma pessoa, sempre querendo protege-la, fortalece-la e me achava a “mina” por sempre salvá-la de todas as coisas erradas que ele aprontava. Resultado: INSANIDADE TOTAL, das duas partes. Eu estava quebrada e ele também. Eu não vivia a minha vida e não deixava ele  viver a dele. Rodava nesse ciclo maldito e não sabia onde era a saída. Na verdade não tinha! Não dentro desse ciclo.
Hoje posso dizer que já recuperei parte da minha sanidade, mas, a recuperação é para sempre e sei que preciso viver um dia de cada vez. Tem dia que eu surto, tem dia que eu choro, tem dia que fico triste. Dias por causa da minha impotência, dias por causa das atitudes que precisam ser tomadas. Mas, já entendi isso e preciso aceitar as coisas como elas são e não como eu realmente gostaria que fossem.
Graças a Deus, hoje eu já posso ver que eu sou uma mulher melhor. Não sei para os outros, mas, para mim sim. Eu estou voltando a me enxergar e aprendendo a suprir as minhas necessidades. Coloco-me em primeiro lugar e elevo meus pensamentos ao Senhor, para que ele possa alcançar aqueles que com as minhas mãos eu não consigo.
A cada dia, a cada situação enfrentada, consigo perceber que há algo diferente em mim. Na última vez que vi o meu esposo, daquele jeito, transtornado e irreconhecível foi inevitável conter a tristeza em meu coração, mas, dessa vez era uma tristeza diferente. Eu sei que o que ele tá vivendo hoje é fruto das escolhas dele e eu nada posso fazer para mudar isso. Somente posso mudar a mim.
Essa recaída dele serviu para que eu mais uma vez, voltasse o olhar para a minha vida. Tá, ele recaiu sim! E daí?! O que eu posso fazer para ajudá-lo?! Se Manipular a situação para que ele possa se internar, eu forjo a minha recuperação, porque aí ele vai condicionar o seu tratamento ao nosso relacionamento e como já fez da outra vez, irá me lembrar todos os dias que o motivo da sua recuperação sou eu. Eu não quero ser responsável pela recuperação de ninguém, somente da minha. Aprendi que seu for o motivo da recuperação dele, também serei o motivo de sua recaída e era exatamente isso que acontecia. Quando ele recaia, era porque a gente tinha brigado, era porque eu estava de cara feia, era porque eu estava com problemas. Eu sempre era a culpada!
E pior do que ele me culpar era que eu realmente me sentia culpada e acreditava que se tivesse feito de uma maneira diferente, ele não teria recaído. Pura ilusão da minha parte.
Já estou há 2 meses e meio fora de casa e as vezes nem acredito como consegui chegar até aqui. Como a nossa vida se transformou, quantas coisas aconteceram, quantas coisas mudaram e quanto sofrimento enfrentado. Confesso que as vezes me pego pensando que se eu não tivesse saído de casa, o meu marido não tinha chegado até esse estágio, não teria provado o crack e se viciado, mas, ao mesmo tempo que penso isso me lembro, do quanto a DQ é uma doença traiçoeira e o pior de tudo é progressiva quando não tratada; e como ele não tratava, mais cedo ou mais tarde iria dar nisso mesmo.
Talvez se eu tivesse em casa, as coisas não chegariam nesse ponto tão rapidamente, mas, também eu não teria dado a ele a oportunidade de enxergar, ainda que por pouco  tempo, a sua necessidade de recuperação e a gravidade de sua doença. Ele ainda está afundado, mas, tenho a certeza de que os pensamentos dele com relação a sua doença, já são outros e ele tem a consciência de que precisa sair dessa, só não teve a vontade necessária ainda. Hoje a sua vontade de usar e fugir dos problemas ainda é maior que a vontade de parar e encarar os problemas de frente.
E hoje a minha vontade de se recuperar é maior que a minha vontade de protegê-lo e acreditar que o meu amor irá transformá-lo. Sem recuperação, não terei nada a oferecer a não ser insanidade.

Estar em recuperação não deve ser visto apenas como um processo, mas, como um estilo vida eterno! E por isso, SPH eu quero celebrar a minha recuperação, crendo que o Senhor estará sempre comigo, em todo o caminho em que eu andar.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A vida é feita de escolhas...

Inicio esse post com uma dor no coração e uma enorme dificuldade de expressar o que estou sentindo. Por mais que eu diga que não vou me abalar, com certeza isso é inevitável e as ideias e sentimentos surgem como um turbilhão em minha mente.
Enfim... ELE RECAIU! Aliás, acho que nunca teve vontade de parar realmente.
Ontem nos falamos por telefone e ele me disse que tinha hoje, um horário marcado com o Pr. da nossa igreja, o que cuida de dependentes químicos, pensei comigo: Que benção, acho que agora ele vai engatar. Todos os dias ele está em minhas orações e sempre peço a Deus para que ele o guie pelo caminho do bem e o livre de todas as tentações. Mas, infelizmente ele caiu em tentação novamente. Não estou brava com Deus e nem pensando que a minha oração não é de nada. Eu creio sim em um poder superior que pode salvar aqueles que abrem a porta e permitem a sua entrada, mas, esse ainda não é o caso do meu marido. Continuarei orando e tenho certeza que no tempo de Deus, tudo se ajustará.
Não sei dizer quando foi a sua recaída, mas, acredito que desde o meu último post. Ele mudou totalmente, deixou de me procurar e preferia manter uma certa distância, não vinha me ver e nos falávamos apenas por telefone, me prometeu almoço por vários dias e não cumpriu com o combinado e como já havia falado, também não cobrei.
Ele tá com dinheiro no banco, trocou um carro nosso com uma moto para ele e pegou um dinheiro de volta. Dinheiro esse que eu não vi nem a cor e nem sei se ainda tem alguma coisa. Ele mudou a senha de internet para que eu não visse mais as movimentações. E o pior de tudo, é que tô me sentindo a otária da história: Nós tínhamos 2 carros e os dois ele tinha colocado em meu nome; um ficou com ele e o outro ficou comigo. O que ficou com o bonitão, ele resolveu trocar por essa bendita moto, chegou aqui falando que tinha quebrado a 5ª marcha do carro  e para não gastar mais dinheiro, resolveu passar e pegar a moto, afinal também estava precisando de dinheiro para quitar as suas dívidas não honradas por causa do consumo de drogas. Enfim, acabei dando o recibo do carro pra ele e aí ele fechou negócio. Não dei o recibo do carro porque fiquei com pena dele, mas, sim por já ter um carro e o outro ser de direito dele. Porém, o fato é que me sinto agora como se tivesse financiado essa merda desse vício dele! Como pude acreditar novamente!
Continuando o assunto de sua conversa com o Pastor, resolvi ir em casa hoje, para saber como ele estava e se tudo tinha corrido bem. "A codependente aflorando!".
Cheguei lá conversei um pouco com a mãe dele (os pais estão morando com ele) e fui bater na porta do quarto, pois ele fica o dia inteiro trancado no quarto. Pedi a ele que abrisse a porta para mim e ele me respondeu: aqui você não vai entrar. Falei: Então tô indo embora, outra hora a gente conversa e aí então ele saiu. Magro, olhar perdido e com a garrafinha de água benta que a coitada da mãe dele traz da novena que ela faz por causa dele.
Mal me cumprimentou, estava aflito, irritado, impaciente e eu parecia atrapalhá-lo naquele momento.
Entrei no quarto e ele fechou o notebook, disse que eu não iria olhar nada que era dele. Eu disse que não queria olhar nada, até quando pedi para ele pegar para mim um cobertor que eu gosto de dormir. Ele abriu uma porta do guarda roupa e eu abri a outra para ver se o cobertor estava lá e para a minha surpresa o que eu encontro: Uma latinha em cima das roupas de cama!
Ele imediatamente falou: O que você tá fazendo aí sua bicuda?! Falei que estava procurando o cobertor também e não comentei nada da lata.Pedi a ele que pegasse o outro cobertor para mim também; ele disse que estava sujo e eu falei que lavava. Falando alto comigo mais uma vez repetiu: Está sujo e você não vai levar agora! Não o reconheci! Estava bufando, nervoso e realmente irreconhecível. Falava comigo em um tom de voz agressivo e isso me deu medo.
Com certeza, ele está guardando as coisas dentro do guarda-roupa e fica manipulando todos dizendo que está assim por causa da síndrome de abstinência. Bebendo água benta e dizendo que tá difícil de se segurar. Na verdade ele já soltou e fica fingindo que tá doente. Os pais dele são codependentes ao extremo, o ficam lembrando toda hora dos remédios, e se ele não vai tomar, eles vão lá na porta do quarto levar para ele.Aff, eu não tenho paciência para isso!
Quando ele saiu da clínica, juro que cheguei a pensar: Agora vai! Mas, infelizmente não foi. Ele ainda não reconheceu a sua adicção e a necessidade de ajuda.
Por muitas vezes, cheguei a pensar onde foi que eu errei?! Mas, hoje percebo que o erro não foi meu!
A vida é feita de escolhas. Eu faço a minha e ele faz a dele.
A minha escolha é ter uma vida serena e feliz longe do vício alheio. Ter a oportunidade de viver uma vida diferente, em um mundo em que eu possa novamente voltar a confiar nas pessoas, quero ter estabilidade financeira e emocional, quero ter uma família estruturada em que as tarefas sejam divididas e não somente minhas. Quero ser Feliz!
E quanto a ele? O que eu posso fazer? Ele fez a escolha dele e eu não posso me enterrar junto em um mundo que eu não escolhi viver.
Sinto muito sim! Porque jamais imaginaria que isso um dia pudesse acontecer, afinal a gente sempre desenha um príncipe encantado em nossa cabeça, mas, o fato é que ele não existe.
A minha dificuldade agora é a de começar a enxergar um novo horizonte, longe de tudo o que me faz mal. Preciso manter a serenidade e o foco em meu Poder Superior para ser sempre direcionada ao caminho certo. Eu não vou errar o alvo porque sei, que o melhor de Deus ainda está por vir na minha vida! Eu creio e aceito. Agradeço pelo deserto, porque é nele que estou crescendo e é nele que as minhas escolhas serão feitas. Sei que do outro lado haverá vitória e luz para mim!

Deus, conceda me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar. E A CORAGEM PARA MUDAR AS COISAS QUE POSSO!

SPH!



    


sábado, 8 de setembro de 2012

Se você fosse a minha rocha, eu já teria te fumado!

Essa foi a frase do dia! Escutei isso do meu esposo após saber que a abstinência está batendo forte em cima dele.
Nunca me imaginei vivendo em uma situação dessas e por mais que eu queira ser forte e pensar em mim primeiro, a dor de saber que a pessoa que você ama entrou em uma vida dessa é triste demais. É triste saber que os sonhos feitos ao lado dele, já não serão mais os mesmos, que as alegrias terão que dividir seu espaço com a dor e as dificuldades serem vencidas um dia de cada vez, sem expetativas e planos a longo prazo. Como é difícil aceitar isso! Como é difícil aceitar que ele nunca mais será o mesmo! Como é difícil admitir que eu perdi e nada posso fazer!
Embora seja difícil eu preciso aceitar!
Por alguns momentos eu pensei que o que nós tínhamos vivido nesses 2 últimos meses, era apenas um pesadelo e que em pouco tempo as coisas voltariam ao seu normal. Esse desejo com certeza é um sonho meu, mas, que  não irá tornar-se real e por mais que eu queira acreditar que tudo pode ser diferente um dia, eu preciso aceitar a realidade, que hoje não é essa.
Meu marido está limpo do crack, sua mais nova droga de preferência, há pouco mais de um mês, no qual ele ficou por 30 dias internado e há uma semana voltou para o mundo real que ele precisa enfrentar. O que acontece é que ele está tendo muita dificuldade para segurar a barra e não sei o que será se ele não conseguir. A verdade é que ele está muito diferente, irritado e parece procurar um bom motivo que o faça sair para usar e se ele estiver procurando esse motivo em mim, vai cair do cavalo!
Vamos aos fatos:
Não o via desde quinta-feira, ele estava sempre vindo aqui, todas as noites, pra gente conversar. Na quinta ele não apareceu e não ligou. Fiz o mesmo.
Na sexta de manhã (ontem) ele me ligou e disse que se ele não ligasse eu também não ligava. Fiquei quieta. Me chamou para almoçar, falei que tudo bem e que depois ele poderia passar para me pegar. Ele não passou, não me ligou e eu também não liguei. Quando foi a noite, por volta de 22h00, ele me liga perguntando por que eu não o chamei para a gente almoçar. Eu respondi que quem tinha assumido o compromisso era ele e que por isso era de responsabilidade dele cumprir, eu acho que eu não preciso ficar ligando para cobrar nada. Ele disse que dormiu durante todo o dia e que estava com muita vontade de fazer besteira. Veio até a casa da minha mãe, totalmente dopado, tinha tomado 4 comprimidos para dormir, pois ele tinha que ficar em casa porque se ele saísse iria direto procurar a maldita, então era melhor que ele dormisse.
Foi direto deitar na minha cama e eu falei que iria levá-lo para casa porque ele precisava dormir. Ele disse que precisava ficar comigo, não poderia ficar sozinho. Foi aí que disse a ele: Não sou sua rocha e você não pode querer se firmar em mim e então ele respondeu: Eu sei que você não é a minha rocha. SE VOCÊ FOSSE A MINHA ROCHA EU JÁ TERIA TE FUMADO. Não acreditei no que estava ouvindo, é muita loucura para uma cabeça só. E o detalhe é que ele nunca falou para mim que estava usando o crack, eu só descobri por causa das latinhas cortadas, mas, nunca falei a ele sobre a história das latinhas. Ele já não tem motivos para esconder.
Isso fez doer o meu coração. Por um instante eu cheguei a pensar que ele só tinha experimentado o crack, mas, que sua droga de preferência seria mesmo a cocaína. Ontem pude perceber que estava enganada, ele já viciou no crack.
Disse que tinha passado a quinta-feira inteira com vontade de usar e que chegou a ir até a biqueira, mas, que só teve coragem de comprar um churrasquinho. Se é verdade ou não? Não sei!
Tudo o que eu sei é que não quero essa vida para mim e continuo firme com o meu propósito. Eu não quero ter que cuidar sempre, eu quero ser cuidada também, nada mais justo não é?!
Quanto a minha postura, percebi que para que eu mantenha a serenidade em meio a tempestade, não posso mais ligar para ele com o objetivo de saber com quem ele está ou o que está fazendo. Da última vez que fiz isso eu surtei. Então, todas as vezes que ele sumir, eu decidi que o melhor que eu tenho a fazer pela minha recuperação é ficar quietinha no meu cantinho.
A hora que ele quiser conversar, ele que me procure. Não posso mais ligar para ele, e quando o telefone estiver desligado ou ele desligar, surtar da maneira que fiz da outra vez. Por isso, mudei a minha atitude, com certeza dará mais certo. Afinal, se ele tiver que fazer algo de errado, vai fazer com ou sem a minha ligação; e já que eu não posso mudar nada pra que sofrer em vão. Não vale a pena!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Fim da internação e minhas recaídas!


Fim dos 30 dias. Ele saiu da internação. Chegou na última sexta-feira, dia 31/08.

Pois bem, vamos aos fatos:

Quando digo que todos os dias entrego o controle da minha vida nas mãos do Senhor é porque realmente eu não quero ter esse controle novamente, e por mais que isso exija o maior sacrifício do mundo, eu continuo acreditando que Ele fará tudo dar certo. Falei com Deus e cheguei à conclusão de que não deveria mais procura-lo, pois isso não estava fazendo bem para mim, muito menos para ele. E disse para o Senhor que se fosse da vontade Dele, meu esposo viria me procurar pra gente conversar. Foi o que aconteceu. Não imaginam o quanto o meu dedinho coçava e o meu coração pulava no peito de vontade de ligar pra ele. Mas, ainda assim, eu resisti e confiei no Senhor. Se ele não viesse me procurar, amém!  Eu tentaria manter a serenidade até chegar o tempo dele. Pode até parecer bobeira o que eu estou falando, mas, para uma codependente controladora e manipuladora que sou, resolver não fazer nada e deixar Deus agir é uma sacrifício tremendo e, é só acreditando em um PS mesmo.

Na sexta-feira nós conversamos. Ele me disse que me amava demais e não queria mais me fazer sofrer, ainda que para isso ele precisasse ficar longe de mim. Eu disse que ainda o amava, mas, que o meu amor estava doente e por isso eu precisava fazer ele enxergar que a recuperação dele não poderia estar vinculada a mim, pois, eu não estou bem todos os dias, eu tenho TPM, fico doente, fico irritada e ainda posso morrer antes dele, e aí o que ele faria para lidar com a situação? Se entregaria de vez? Ele olhou para mim, me abraçou e começamos a chorar.

Eu estou uma maria-mole, muito sentimental e ainda de TPM....rsrs... Chorei muito e me arrependi de ter feito aquilo na frente dele, na verdade, não queria deixar transparecer uma mulher fraca diante da situação em que me encontrava, gostaria de demonstrar que eu já estava superando tudo aquilo, e que com ele ou sem ele, não faria diferença, o que importava era que eu estava vencendo. Senti-me uma mulher ridícula e fraca ao falar dos meus sentimentos para ele, em todo momento pensava: Isso é conversa de divã, não tem nada haver eu ficar falando isso pra ele. Mas, mesmo assim continuei a falar e chorar, perdi o controle da situação e recaí feio.

No sábado ele almoçou comigo e disse que a tarde iria jogar futebol. Já fiquei naquela né: Será que é futebol mesmo? Ainda assim, falei que tudo bem, afinal eu também iria sair. Antes de ir para a igreja, liguei pra ele (não sei para quê!) e ele não atendeu. Perdi o meu chão e o meu autocontrole escorreu pelas  mãos. Chorei, chorei e chorei! A hora que cheguei na minha mãe, ele estava lá me esperando, nem olhei para a cara dele e quando ele veio atrás de mim eu desabei a chorar novamente. Disse que não queria viver tudo aquilo de novo e que teríamos que resolver a situação de uma vez por todas e rapidamente, afinal ele poderia ter a liberdade dele e eu a minha. Sem ressentimentos e cobranças de nenhuma das partes. Mais uma vez recaí e pude perceber o quanto ainda estou fragilizada com a situação.

Ele saiu de casa no sábado dizendo que não iria me procurar no domingo, pois queria dar um tempo para a minha cabeça, pois sentia como se eu estivesse construindo o murinho da minha recuperação, aí ele chegava, dava um chute e destruía tudo o que eu já tinha construído até ali. Achou que talvez fosse melhor nos mantermos afastados para que eu pudesse me reestruturar.

Mas, ele não aguentou e tornou a me procurar no domingo. Disse que não conseguia ficar longe de mim e que ao meu lado ele se sentia bem e seguro, aí eu disse a ele, mais uma vez, que ele precisava trabalhar isso.

Saímos à noite e conversamos bastante sobre tudo o que estava acontecendo, sobre os nossos medos e frustrações, dessa vez sem choros, mas, com a maturidade que a situação exige. Ele me disse que sabe que tem um monte de gavião voando em cima de mim, caras mais sarados que ele, com uma situação financeira melhor que a dele e que não tinham os mesmos problemas que o dele ( rolou uma ceninha de ciúmes e vitimização). Fiquei quieta e pensei comigo: Mal sabe ele que eu não quero nada com esses caras, mas, não falei porque não queria encher a bola dele. Poderia também ter falado que tem as piriguetes também rondando a área, porém, preferi me controlar.  Percebi que nós temos medo de perder um ao outro. Eu tenho medo de perdê-lo para uma “piri” e ele tem medo de me perder para o “Ricardão”. Aí ficamos nesse chove e não molha...aff!

No meio de toda a nossa conversa, ele ainda me disse que me amava demais, não porque precisava de mim ou porque era bom estar ao meu lado, mas, porque nos pequenos detalhes ele pode perceber o quanto eu também o amava. Disse me amar porque eu consegui fazer com que ele enxergasse que a recuperação dele não depende de ninguém e disse me amar porque eu saí de casa e deixei ele com toda a situação que precisava enfrentar sozinho. Enfim...Ele pôde chegar ao seu fundo de poço e entender que a partir dali, tudo que ele fizesse deveria ser por ele.

Agradeci a Deus, porque em meio a tantas lutas e sofrimentos consegui ser forte e não ceder às suas manipulações, todas as vezes que me pedia para voltar para casa. Naquele momento, sabia que estava fazendo o certo e por mais que me doesse sustentar aquela situação. Eu consegui! Se eu tivesse voltado para casa, ele não teria começado o seu tratamento e com certeza já teria tido várias recaídas, porque para ele era muito cômodo. Ele saia, usava, depois me manipulava, chorava e eu perdoava porque ficava com pena e acreditava que daquela vez, realmente seria diferente.

E agora, vai ser diferente?! Sinceramente, eu ainda não tenho a resposta. Não quero mais criar expectativas com relação a mudança dele. Quero focar na minha mudança e no melhor de Deus para a minha vida. Quero viver um dia de cada vez e todos os dias entregar a direção nas mãos Dele. Quero viver dias melhores de paz e serenidade, sem muitos sonhos ou expectativas para o futuro e sim viver o meu maior presente que é o presente, o meu HOJE!