Todas as vezes que meu marido recaia, eu ficava muito
amargurada porque aquilo tinha acontecido mais uma vez e ele se
enchendo de culpa por me deixar naquela situação, tentava me agradar de todas
as maneiras. Sempre me “comprava” com as coisas que eu gostava para que assim, então, eu pudesse
perdoá-lo por mais esse erro e tudo ficasse em paz.
Ele tentava fazer de tudo: ajudava nas tarefas de casa, me
levava para jantar, passar o fim de semana na praia, voltava a ter interesse
nas atividades da igreja, enfim, tudo que ele acreditava me fazer feliz ao
ponto de esquecer o que passou, ele fazia.
O que aconteceu é que em meio a isso tudo eu criei um
mecanismo de defesa. Percebi que o meu marido me tratava melhor e fazia as
minhas vontades quando eu estava, de alguma forma, brava com ele. O meu coração
se enchia de ressentimento, porque em todas as vezes que eu amolecia, ele
achava que estava tudo bem, recaía e aí começava tudo de novo. Com isso, não
conseguia mais perdoá-lo, e acho que nem queria mesmo, pois tinha a certeza que
o sofrimento viria em pouco tempo.Me tornei uma pessoa amarga e sem esperança alguma. Não vivia mais a minha vida e os meus dias ao lado dele eram literalmente empurrados com a barriga. Tinha medo de me jogar, de ser feliz um dia de cada vez, simplesmente pelo fato de saber que a minha felicidade duraria pouco tempo, uma vez que a mesma estava condicionada a sua recuperação. Meu esposo achava que o simples fato de estar limpo, já era o suficiente; quando eu tentava explicar o estar limpo e o estar em recuperação, ele se ofendia e não queria saber desse tipo de conversa. Eu sei que a dependência química vai muito além do uso da droga, pois, juntos seguem vários problemas como as mentiras, desvios de caráter e manipulações; e isso tudo me irritava demais. Cada vez que descobria uma mentirinha dele, parecia que mais um pouquinho do meu amor havia morrido. Sempre falei pra ele que para mim uma das piores coisas que existia no mundo era a mentira e por menor que ela fosse, não deveria ser contada. Realmente tinha tolerância zero com mentiras.
Me lembro que antes de descobrir a adicção de meu esposo sempre me chateava com uma coisa: AS duas coisas que eu mais odiava na vida era o cigarro e a mentira e por contradição do destino, eu estava casada com um homem que fumava e mentia em demasia. Que escolha é essa que eu tinha feito?
O fato é que eu acabei me acostumando e, de certa forma, aceitando a situação, pois sempre acreditei que uma hora ele iria mudar. E mudou! Só que infelizmente para pior, primeiro a cocaína, depois o crack; e como dizem que a Dependência Química é progressiva quando não tratada, acabou acontecendo com ele, porque infelizmente ele não quis enxergar a realidade.
Não estou aqui para julgá-lo, pois reconheço que os tempos são diferentes. Da mesma maneira que enxergo nele a necessidade de mudança, muitos devem enxergar em mim também. Só que existe uma pequena diferença e a mais importante de todas: EU QUERO MUDAR!
Lindo post amiga, ironia do destino pra nós né? Eu também odeio cigarro e mentira...rs =)Mas acredito que vc esta bem e em busca de sua felicidade! Continuo torcendo por vc´s! Grande abraço!
ResponderExcluirOi Sol...tremenda ironia mesmo...Hoje já estou melhor com maior clareza de pensamentos e aprendendo a viver o SPH!
ExcluirBeijo querida e um bom fds pra você!