quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Culpa e julgamento

Hoje gostaria de falar de uma coisa que eu como codependente estou sentindo muito e por mais que tente não aceitar, a minha mentezinha codependente acaba aceitando de vez em quando. É o tal do Sr. julgamento e a Dona culpa. Esses dois andam lado a lado e se não tomarmos cuidado, acabamos caindo na armadilha que os mesmos nos propõem.
O julgamento, neste caso, é o que as pessoas dizem ou pensam a respeito de qualquer outro, sejam julgamentos positivos ou negativos, sempre são dados com base em algumas verdades e/ou atitudes e geralmente tendem a rotular algum tipo de pessoa ou situação. A culpa é o que a pessoa sente ao acreditar na verdade de um julgamento. As vezes, a culpa pode ser falsa, o que acontece com a maioria dos codependentes, e às vezes a culpa pode ser verdadeira.
Aprendi que quando realmente temos culpa de algo, devemos pedir perdão a Deus e lhe entregar todos os sentimentos em suas mãos, pois, todos os nossos pecados já foram pagos, por Ele, lá na cruz. Deus nos livrou de toda a culpa e não há motivos para vivermos neste julgo de escravidão.

Essa é uma verdade que quero e preciso colocar na minha vida. Não posso aceitar culpas ou responsabilidades que não são minhas. As minhas culpas verdadeiras, prefiro entregar todos os dias nas mãos do Senhor, para que ele possa me restaurar e fazer de mim uma nova mulher: Curada e pronta para uma vida melhor!
Digo tudo isso, porque quando as pessoas não conhecem de perto o que é a DQ, colocam-se a julgar certas atitudes de pessoas que convivem com essa realidade. Preferem ficar de longe julgando à dispor-se a entender o problema e encontrar realmente uma maneira de ajudar o próximo.
Esses últimos dias, tenho pensado muito nesse tipo de situação. Ao ouvir uma colega pedindo orações para seu irmão, a mesma relatou que ele é alcoolatra e usuário de drogas, foi fazer um tratamento e desistiu no meio do caminho, dizendo que para ele aquilo não é necessário e por fim, fez as suas malas e foi embora para casa de sua mãe, dizendo que não amava mais a esposa e que ela já havia o maltratado demais. Minha colega, mais que depressa, se pôs a julgar a esposa de seu irmão, dizendo que realmente ela era muito ríspida com ele e nunca tinha visto uma palavra de carinho. Seu irmão diz a todos que reconhece o seu erro e que também a machucou muito, mas, todas as coisas que ele havia dito era porque estava bêbado ou drogado e que por isso ela deveria ter mais consideração. Na boa, pra mim esse é o joguinho mais sujo que ele poderia estar fazendo contra sua esposa. Não quis dizer nada a minha colega, até porque ela não sabe do meu problema, mas eu consigo me colocar no lugar dessa esposa e só Deus sabe o que ela passou com a adicção de seu esposo. O problema é que quando as pessoas não conhecem a realidade gostam de julgar  e ver sempre o DQ, como o lado mais fraco do relacionamento. Não estou dizendo que ele não é fraco, mas sim, que quem convive com ele é tão fraco quanto, pois viver em situação dessa com alguém que se ama acaba destruindo qualquer tipo de relacionamento, inclusive o amor. E quando isso acontece, só resta o sofrimento para as duas partes, porque o que antes era unido pelo amor, torna-se um vínculo doentio.
Sabe, ainda fico muito triste ao saber que o meu marido e sua família ainda estão na negação. Eles ainda não entenderam que o problema dele é a maldita droga e não adianta eu ser a melhor esposa do mundo para ele, se ele quiser usar vai usar. E se eu estiver ao seu lado, ainda vai colocar a culpa em mim, que é o que ele tem feito até então. Diz que não confio, que pego no pé e tudo mais... Aí falo para ele:  Como você quer que eu confie em você, se todas as vezes em que me permiti confiar, você vacilou comigo. Como eu já falei, acabei criando em mim uma maneira de me proteger da adicção dele , eu não confiava mais e por isso quando ele recaia já não sentia raiva de mim.
Desde quando descobri sua adicção, há pouco mais de um ano, sempre deixei claro que eu não queria esse tipo de vida para mim e que se essa fosse a sua escolha, eu estava fora.  Demorei muito para tomar essa decisão e só quando cheguei ao fundo do poço e vi que não aguentava mais, resolvi mudar a minha estratégia. Sofri muito e ainda sofro, por saber que eu nada posso fazer para ajudá-lo a livrar-se disso,  tudo que posso, e faço todos os dias, é entrega-lo nas mãos do Senhor.
Quando eu começo a passear pelos blogs de companheiras, que assim como eu, lutam contra dependência e codependência, consigo me colocar no lugar de cada uma e sem julgar tento entender todo o turbilhão de sentimentos, pois é da mesma maneira que também me enxergo. Graças a Deus, percebo que todas amam demais os seus parceiros, mas, principalmente  querem a sua recuperação em primeiro lugar.  Já enxergam além do horizonte.
A partir do momento, em que percebi a minha doença e a minha total impotência, decidi entregar tudo nas mãos de Deus. E acreditem, o fardo tem ficado a cada dia mais leve. A cada leitura que faço, a cada partilha, a cada dia e Só Por Hoje, me permito ser o foco da minha vida e recuperação.

4 comentários:

  1. Excelente post amiga, quando lidamos com a dependencia quimica somos entrelaçados com vários aspectos morais, tanto do dependente quanto da familia, sendo assim colocados em desequilibrio por todas nossas imperfeiçoes, como orgulho, falta de fé e imediatismo, logo quanto maior nossas imperfeiçoes maior o nosso sofrimento, quanto maiores as imperfeições morais mais dificil a recuperação. Mas graças a esse pai maravilhoso temos a chance de acordar todos os dias de manha e nos propormos a sermos melhores e atingir nossas purificações, lindo post linda! Grande abraço e um excelente final de semana.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É isso aí Sol...é bem isso que vc falou...Mas, o que importa é o SPH e com a graça de Deus, vamos conseguindo vencer a cada dia.
      Beijos fique em paz!

      Excluir
  2. Olá companheira, comecei a ler seus posts e não parei mais.. parece que vc esta falando da minha vida. Tudo que vc sente e já passou é tudo igual ao que eu vivo..
    Meu marido também usa crack, não aceita nenhum tratamento.. até poucos meses atrás ele tomava medicação, mas agora parou para começar a beber.. pois diz que uma cervejinha não faz mau nenhum.. rsrs.. tudo a mesma coisa!!! só muda de endereço..
    Assim como vc sou viciada nele.. mas já estou cansada.. não aguento mais essa vida.. ainda não sei o que fazer, também sou evangélica e acredito muito em Deus, por isso entreguei nas mãos do Pai.. estou indo na psicóloga também.. esta me ajudando muito, não tive ainda coragem de sair de casa.. temos um filho lindo de 7 anos.. que Deus me perdoe mas as vezes eu queria que ele não existisse na minha vida.. que ele sumisse, sei lá.. já estou 8 anos nessa vida, nesse circulo vicioso..
    Te admiro muito pela sua coragem e determinação!!! acho que vc esta totalmente certa..
    Tamujuntas amiga!!!
    Se quiser me visite em meu blog.. nossas histórias são bem parecidas..
    http://beatrizvini.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi querida Bia,

      Obrigada por sua visita e suas palavras. Realmente as nossas histórias são bem parecidas mesmo. Você está trilhando o caminho certo. Continue assim, cuidando de você.

      beijos, fique em paz!

      Excluir