segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Deus sabe de todas as coisas...

Hoje estou me sentindo como uma pessoa em abstinência. Uma ansiedade e uma aflição estão tomando conta do meu coração. Sinto a falta dele, sinto a falta dos nossos bons momentos.
E por que eu tenho que lembrar somente dos bons momentos se também passei bons bocados com ele? Tantas mentiras, tantas manipulações, tantas vezes em que ele me prometia algo e não cumpria...tantas coisas, tantas!
Não sei por que me sinto assim tão pra baixo, acho que faz parte da minha recuperação. Sei que o vazio me ajudará a compreender a situação da melhor maneira possível, pois é no vazio que eu posso me permitir olhar para dentro de mim. Sei que é uma fase que eu preciso passar, mas, como é difícil passar por esses momentos e continuar com a certeza de que tudo acabará bem.  E, graças a Deus, essa certeza eu tenho! Agradeço ao Senhor por me dar o deserto para atravessar, pois é nele que conseguirei crescer e aprender a confiar cada vez mais em Deus.
As dificuldades têm vindo, mas, nem por isso eu vou desistir. As recaídas acontecem e tudo faz parte do processo. Quando me pego pensando em todos os momentos bons que tivemos, confesso que me bate o arrependimento e a dúvida surge: Será que eu fiz a melhor escolha?! Mas, aí volto a lembrar de tudo o que eu passei e tudo o que vivi para chegar a essa decisão. De todos os sapos e mentiras que engoli, por amor ou comodidade. Sei lá.
Sabe, acho que o que mais doía em mim não eram as recaídas e sim o que as coisas que a acompanhavam:
-Todas as vezes que ele recaía de alguma forma mentia para mim, ou fingia que estava trabalhando ou dizia que estava em algum lugar e na verdade estava em outro. Com isso eu não acreditava em mais nada que ele me falava. Ele podia até estar limpo, mas, eu sempre duvidava de tudo o que ele falava. Ele se tornou um grande mentiroso.
- Como sempre falei, tenho uma enorme vontade de ser mãe. Acho que esse é o sonho de toda mulher. Sempre tomei remédio por todos esses anos e quando nós estávamos mais ou menos bem, resolvi parar de tomar remédio e tentar engravidar. Descobri que tenho um probleminha nos ovários que me impedem de engravidar com facilidade. Voltei a tomar remédios. Nesse momento fiquei bem triste, pois apesar de ter muito medo, sentia que já tinha de certa forma, passado da hora de ter o nosso filho. Ele me apoiou e disse que era só uma fase difícil que nós teríamos que passar e que tudo acabaria bem. Me deu colo e carinho. Depois de algum tempo deixei novamente de tomar o remédio e deixei que acontecesse se fosse da vontade de Deus. NÃO ERA A VONTADE DE DEUS!
Ele recaía com frequência e não se importava com a possibilidade de eu já estar grávida. Em todas as suas recaídas era como se ele matasse um pouquinho mais o meu sonho de ser mãe. Eu queria muito, mas, queria que primeiro ele estivesse bem, que deixasse de usar droga e fumar. Sempre dizia a ele que queria que o nosso filho tivesse um bom exemplo nosso e que não queria jamais vê-lo em uma situação daquela.
Muitas pessoas me falavam que o que faltava para o meu marido era um filho e por muitas vezes acho que acreditei nisso também, pois, mesmo sem ter parado de fumar e ter as suas constantes recaídas eu me sujeitei a uma gravidez, o que Graças a Deus não aconteceu. Não imagino como seria a minha situação hoje, se estivesse grávida ou com um filho dele nos braços. Com certeza tudo seria bem diferente, pois não teria que pensar somente em mim, mais que isso, teria que pensar em alguém que teria somente a mim.

Por isso, mais uma vez reafirmo que Deus sabe de todas as coisas!

 

 

   

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A visita


Meu marido segue internado há 22 dias. A princípio era para ser somente por 15 dias, mas, o médico achou melhor mantê-lo por um período mais extenso.
Domingo (19/08) fui visita-lo e acho que pela primeira, dentro desses quase dois meses que saí de casa, tivemos a nossa primeira conversa sensata. Uma conversa sem jogos e manipulações, mas uma conversa entre duas pessoas adultas.
Cheguei lá com um pouco de medo, pois, não sabia qual seria a sua reação. Pensei até, que talvez, ele não quisesse me ver e outras coisas do tipo que fazem a minha cabecinha de codependente; fui orando durante todo o caminho pedindo para que Deus fosse à frente e que o melhor fosse feito.  Ele ficou surpreso quando me viu e fui recebida com um abraço.
Conversamos por um tempinho e ele me disse que tem que resolver muitas coisas quando sair de lá, principalmente com relação a nós dois. Eu disse que tudo bem, aquele não era o momento para falarmos sobre esse assunto, pois ele deveria manter o foco em sua recuperação e eu na minha. Mas, ele não resistiu.
A conversa começou assim:

Ele: Você tem ideia de tudo que eu preciso falar com você?
Eu: Não.
Ele: Sabe quando você saiu de casa e falou que não dava mais? Hoje eu te entendo. Entendo todos os motivos que te levaram a fazer isso. Sei que você nunca mais vai confiar em mim e por mais que eu faça de tudo para que você volte a confiar, você sempre irá ficar no será!

(Pensei...é verdade!)
Aí ele continuou: Eu te amo demais, mas não posso ser tão egoísta ao ponto de te querer para mim só porque eu te amo. Dizem que quando a gente ama alguém quer ver o bem dessa pessoa e eu quero ver o seu bem acima de tudo. Não sei se esse é o momento certo para falar isso, pois, ainda estou muito confuso. Tenho muitos medos a serem enfrentados depois que eu sair daqui. Não sei o que vou fazer ainda.

Eu: Pois é, quando a gente casa, nunca espera que o casamento siga um rumo desses. São 12 anos né?! Eu só quero que você saiba que independente da nossa situação lá fora, quero ser sua amiga, nós não temos motivos para sermos inimigos. O que passou, passou. Não adianta agora ficar chorando o leite derramado. E quanto a mim, também estou muito confusa, mas, aprendi que eu não tenho o controle da situação e resolvi entregar tudo nas mãos de Deus. Não posso querer sair batendo no peito e dizer que eu posso tudo, porque eu não posso nada. Não posso querer te controlar achando que o meu amor vai te curar, como fiz por muito tempo. Hoje sei que a minha recuperação depende de mim e a sua de você.

E foi assim. Finalizamos a nossa conversa de uma maneira equilibrada em que pudemos realmente nos compreender.

Ainda sinto a sua falta e sei que o amo apesar dos pesares. Mas, hoje posso dizer que eu estou bem assim, um pouco confusa, mas certa de que o melhor virá. Como falei para a minha terapeuta: Eu não sou a mesma de antes, mas ainda não sei quem eu serei. Acredito que esses momentos de confusão, fazem parte do processo de recuperação e com o tempo as coisas se encaixarão em seu devido lugar.
Tenho pedido muito em oração para que o Senhor me ilumine em cada passo que eu der. E o fato de voltar para o meu marido, somente se dará se for da vontade de Deus. Como falei, ainda o amo, mas sei que se eu voltar para ele nesse momento, não estarei fazendo a melhor escolha para a minha vida. Ainda estou doente e como me conheço bem, sei que a serenidade que consigo manter hoje, não conseguiria manter ao seu lado. Só de pensar em todos os conflitos, aflições e “serás”, me dá uma sensação ruim.
Hoje sei que não tenho estrutura para conviver com ele, pois, não conseguiria separar os problemas dele dos meus. E assim, a confusão estaria feita e euzinha aqui, mais uma vez voltando ao meu lindo e amado ciclo.
Não estou dizendo que vou me separar definitivamente dele, mas, que hoje eu não tenho estrutura para sustentar esse relacionamento. Essa é a minha única certeza. E quanto ao futuro? Por mais que eu queira, não posso prever.

Continuarei entregando cada dia nas mãos de Deus e confiarei que Ele fará tudo dar certo.

SPH!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Culpa e julgamento

Hoje gostaria de falar de uma coisa que eu como codependente estou sentindo muito e por mais que tente não aceitar, a minha mentezinha codependente acaba aceitando de vez em quando. É o tal do Sr. julgamento e a Dona culpa. Esses dois andam lado a lado e se não tomarmos cuidado, acabamos caindo na armadilha que os mesmos nos propõem.
O julgamento, neste caso, é o que as pessoas dizem ou pensam a respeito de qualquer outro, sejam julgamentos positivos ou negativos, sempre são dados com base em algumas verdades e/ou atitudes e geralmente tendem a rotular algum tipo de pessoa ou situação. A culpa é o que a pessoa sente ao acreditar na verdade de um julgamento. As vezes, a culpa pode ser falsa, o que acontece com a maioria dos codependentes, e às vezes a culpa pode ser verdadeira.
Aprendi que quando realmente temos culpa de algo, devemos pedir perdão a Deus e lhe entregar todos os sentimentos em suas mãos, pois, todos os nossos pecados já foram pagos, por Ele, lá na cruz. Deus nos livrou de toda a culpa e não há motivos para vivermos neste julgo de escravidão.

Essa é uma verdade que quero e preciso colocar na minha vida. Não posso aceitar culpas ou responsabilidades que não são minhas. As minhas culpas verdadeiras, prefiro entregar todos os dias nas mãos do Senhor, para que ele possa me restaurar e fazer de mim uma nova mulher: Curada e pronta para uma vida melhor!
Digo tudo isso, porque quando as pessoas não conhecem de perto o que é a DQ, colocam-se a julgar certas atitudes de pessoas que convivem com essa realidade. Preferem ficar de longe julgando à dispor-se a entender o problema e encontrar realmente uma maneira de ajudar o próximo.
Esses últimos dias, tenho pensado muito nesse tipo de situação. Ao ouvir uma colega pedindo orações para seu irmão, a mesma relatou que ele é alcoolatra e usuário de drogas, foi fazer um tratamento e desistiu no meio do caminho, dizendo que para ele aquilo não é necessário e por fim, fez as suas malas e foi embora para casa de sua mãe, dizendo que não amava mais a esposa e que ela já havia o maltratado demais. Minha colega, mais que depressa, se pôs a julgar a esposa de seu irmão, dizendo que realmente ela era muito ríspida com ele e nunca tinha visto uma palavra de carinho. Seu irmão diz a todos que reconhece o seu erro e que também a machucou muito, mas, todas as coisas que ele havia dito era porque estava bêbado ou drogado e que por isso ela deveria ter mais consideração. Na boa, pra mim esse é o joguinho mais sujo que ele poderia estar fazendo contra sua esposa. Não quis dizer nada a minha colega, até porque ela não sabe do meu problema, mas eu consigo me colocar no lugar dessa esposa e só Deus sabe o que ela passou com a adicção de seu esposo. O problema é que quando as pessoas não conhecem a realidade gostam de julgar  e ver sempre o DQ, como o lado mais fraco do relacionamento. Não estou dizendo que ele não é fraco, mas sim, que quem convive com ele é tão fraco quanto, pois viver em situação dessa com alguém que se ama acaba destruindo qualquer tipo de relacionamento, inclusive o amor. E quando isso acontece, só resta o sofrimento para as duas partes, porque o que antes era unido pelo amor, torna-se um vínculo doentio.
Sabe, ainda fico muito triste ao saber que o meu marido e sua família ainda estão na negação. Eles ainda não entenderam que o problema dele é a maldita droga e não adianta eu ser a melhor esposa do mundo para ele, se ele quiser usar vai usar. E se eu estiver ao seu lado, ainda vai colocar a culpa em mim, que é o que ele tem feito até então. Diz que não confio, que pego no pé e tudo mais... Aí falo para ele:  Como você quer que eu confie em você, se todas as vezes em que me permiti confiar, você vacilou comigo. Como eu já falei, acabei criando em mim uma maneira de me proteger da adicção dele , eu não confiava mais e por isso quando ele recaia já não sentia raiva de mim.
Desde quando descobri sua adicção, há pouco mais de um ano, sempre deixei claro que eu não queria esse tipo de vida para mim e que se essa fosse a sua escolha, eu estava fora.  Demorei muito para tomar essa decisão e só quando cheguei ao fundo do poço e vi que não aguentava mais, resolvi mudar a minha estratégia. Sofri muito e ainda sofro, por saber que eu nada posso fazer para ajudá-lo a livrar-se disso,  tudo que posso, e faço todos os dias, é entrega-lo nas mãos do Senhor.
Quando eu começo a passear pelos blogs de companheiras, que assim como eu, lutam contra dependência e codependência, consigo me colocar no lugar de cada uma e sem julgar tento entender todo o turbilhão de sentimentos, pois é da mesma maneira que também me enxergo. Graças a Deus, percebo que todas amam demais os seus parceiros, mas, principalmente  querem a sua recuperação em primeiro lugar.  Já enxergam além do horizonte.
A partir do momento, em que percebi a minha doença e a minha total impotência, decidi entregar tudo nas mãos de Deus. E acreditem, o fardo tem ficado a cada dia mais leve. A cada leitura que faço, a cada partilha, a cada dia e Só Por Hoje, me permito ser o foco da minha vida e recuperação.

domingo, 12 de agosto de 2012

Entregando o controle

Posso descrever este momento em que estou vivendo como um período de descobertas e renovação. Estou tendo, pela primeira vez, a oportunidade de descobrir quem realmente sou e de, todos os dias, ter um novo amanhecer para fazer tudo diferente. Aprendendo a viver definitivamente um dia de cada vez. Tenho saúde, um bom trabalho, sou jovem e tenho muita vontade de vencer. Olhando para isso, percebo que tenho muito mais a agradecer que para lamentar. As dificuldades, certamente virão, mas, quem disse que a nossa vida seria somente regada de alegrias . Deus permite, muitas vezes, o sofrimento em nossa vida para que possamos nos achegar a ele, pois se não fosse isso, seria tudo muito fácil; e nós enquanto seres humanos somos muito prepotentes, não fossem as dificuldades, até esqueceríamos da existência de Deus.

Hoje é Dia dos Pais, meu esposo tirou uma licença de sua internação para passar o domingo com o pai. Não sei se ele virá me procurar. Hoje posso dizer que estou tentando tranquilizar o meu coração. Não criarei expectativas e estou disposta a aceitar as coisas como elas são e não como gostaria que fossem. Sabe, já consigo enxergar os frutos de minha recuperação, pois, tenho aprendido a descansar no Senhor e em cada amanhecer eu Lhe peço com toda a humildade que me guie e que a Tua vontade seja feita em minha vida, peço também para que Ele me liberte de tudo o que não for  Dele e definitivamente, aprendi a entregar a minha vida em Suas mãos, sem querer tirar o controle de vez em quando...
A minha vontade é realmente a de ver o meu esposo, abraçá-lo, dizer o quanto o amo e que juntos nós conseguiremos! Mas, hoje tenho plena convicção de que isso não é o melhor. Hoje acordei preparada para vê-lo ou não, para abraçá-lo ou não.
Em nossa última conversa telefônica, disse a ele que estava aqui para ajudá-lo e que o fato de ter dito sobre a sua internação (que não iria com ele e nem visitá-lo) foi a forma que encontrei para que ele enxergasse que a sua recuperação tem que ser somente por ele e não por mim. Ele disse que me entendia e perguntou se eu estava com saudades, foi aí que disse a ele que tudo o que nós vivemos durante 12 anos, não poderia ter sido apagado em 1 mês para mim, assim como não foi para ele.
O fato é que depois eu fiquei pensando nessa pergunta dele. Pensei comigo: Eu tenho saudades dele sim, mas, não tenho saudades do que ele se tornou,pois, para mim estava sendo um martírio ver a pessoa amada se afundar a cada dia mais e nada poder fazer para salvá-la. Tenho saudades do que um dia ele já foi para mim e tenho saudades até de um novo homem que EU projetei para um futuro. Agora, olhando tudo de fora percebo o quanto a minha doença me afetou. Eu vivia os meus dias com saudades do passado e expectativa do futuro, esquecendo de viver o que de mais precioso Deus me deu, o dia de hoje, o meu PRESENTE! Sei que o meu marido, nunca vai voltar a ser o que ele já foi um dia e que modificá-lo não é meu dever. Sei que se um dia, quiser ficar com ele terei que aceitá-lo da maneira como ele é, deixando que as mudanças ocorram através das atitudes dele, se assim o desejar, e a mim só restará aceitá-lo e amá-lo pois nada mais poderei fazer a não ser cuidar de mim.
Decidi que não vou forçar nenhum tipo de situação e não vou tentar modificar os sentimentos de meu esposo com relação a mim. Por muito tempo, senti a necessidade de não permitir o sofrimento dele, ainda que isso custasse a minha felicidade e me enchesse de culpas e ressentimentos. Vou deixar a vida seguir o seu curso natural, e o que tiver que ser será. Não tenho o poder de modificar nada. Deixarei o meu esposo tranquilo, ou não, com os seus sentimentos, mas, o deixarei assim para que ele possa também ter a oportunidade de descobrir-se. Não tentarei demonstrar ou manipular nada. O resto? O resto o tempo se encarrega de encaixar em seu devido lugar, não no tempo em que acho que deve ser, mas no tempo em que o Senhor preparar para acontecer.

E Só Por Hoje decido entregar o controle da minha vida nas mãos do Senhor! 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

EU QUERO MUDAR!


Todas as vezes que meu marido recaia, eu ficava muito amargurada porque aquilo tinha acontecido mais uma vez e ele se enchendo de culpa por me deixar naquela situação, tentava me agradar de todas as maneiras. Sempre me “comprava” com as coisas que eu  gostava para que assim, então, eu pudesse perdoá-lo por mais esse erro e tudo ficasse em paz.

Ele tentava fazer de tudo: ajudava nas tarefas de casa, me levava para jantar, passar o fim de semana na praia, voltava a ter interesse nas atividades da igreja, enfim, tudo que ele acreditava me fazer feliz ao ponto de esquecer o que passou, ele fazia.
O que aconteceu é que em meio a isso tudo eu criei um mecanismo de defesa. Percebi que o meu marido me tratava melhor e fazia as minhas vontades quando eu estava, de alguma forma, brava com ele. O meu coração se enchia de ressentimento, porque em todas as vezes que eu amolecia, ele achava que estava tudo bem, recaía e aí começava tudo de novo. Com isso, não conseguia mais perdoá-lo, e acho que nem queria mesmo, pois tinha a certeza que o sofrimento viria em pouco tempo.
Me tornei uma pessoa amarga e sem esperança alguma. Não vivia mais a minha vida e os meus dias ao lado dele eram literalmente empurrados com a barriga. Tinha medo de me jogar, de ser feliz um dia de cada vez, simplesmente pelo fato de saber que a minha felicidade duraria pouco tempo, uma vez que a mesma estava condicionada a sua recuperação. Meu esposo achava que o simples fato de estar limpo, já era o suficiente; quando eu tentava explicar o estar limpo e o estar em recuperação, ele se ofendia e não queria saber desse tipo de conversa. Eu sei que a dependência química vai muito além do uso da droga, pois, juntos seguem vários problemas como as mentiras, desvios de caráter e manipulações; e isso tudo me irritava demais. Cada vez que descobria uma mentirinha dele, parecia que mais um pouquinho do meu amor havia morrido. Sempre falei pra ele que para mim uma das piores coisas que existia no mundo era a mentira e por menor que ela fosse, não deveria ser contada. Realmente tinha tolerância zero com mentiras.
Me lembro que antes de descobrir a adicção de meu esposo sempre me chateava com uma coisa: AS duas coisas que eu mais odiava na vida era o cigarro e a mentira e por contradição do destino, eu estava casada com um homem que fumava e mentia em demasia. Que escolha é essa que eu tinha feito?
O fato é que eu acabei me acostumando e, de certa forma, aceitando a situação, pois sempre acreditei que uma hora ele iria mudar. E mudou! Só que infelizmente para pior, primeiro a cocaína, depois o crack; e como dizem que a Dependência Química é progressiva quando não tratada, acabou acontecendo com ele, porque infelizmente ele não quis enxergar a realidade.
Não estou aqui para julgá-lo, pois reconheço que os tempos são diferentes. Da mesma maneira que enxergo nele a necessidade de mudança, muitos devem enxergar em mim também. Só que existe uma pequena diferença e a mais importante de todas: EU QUERO MUDAR!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Quebrando o ciclo

Me lembro quando comecei a fazer a terapia.Primeiro fui para um grupo de apoio e depois fui até o consultório de uma psicóloga. Ainda que não tivesse muita clareza do que se passava, tinha a certeza de que algo precisava mudar, e que se meu esposo pouco se importava por sua recuperação, que começasse então por mim, sempre pensando no seguinte: se eu mudar, ele vai mudar. A partir do momento em que percebi que a minha codependência somente acentuava o grau de dependência de meu esposo, decidi soltar a corda, com o objetivo de que ele realmente pudesse enxergar o seu fundo de poço. O fato é que hoje, ainda que bem pequeno, ele está dando um passo para ficar longe das drogas e fico muito feliz porque dessa vez ele não foi por causa de minhas manipulações e sim com suas próprias pernas. A escolha foi dele!
Ontem nos falamos por telefone, pediu para que eu ligasse para ele, precisava falar comigo, a conversa foi mais ou menos assim:
Ele: Oi tudo bem? Como estão as coisas por aí e o trabalho?
Eu: Tudo bem graças a Deus, caminhando.
Ele: Tem ido ver as crianças? (os cachorros) Não deixa de ver eles não.
Eu : Tudo bem, tenho ido lá.
Ele: Sabe aquele boleto da casa? Então, já venceu e precisa pagar, você pode ver isso por favor?
Eu: Seu pagamento já deve ter caído, estou sem dinheiro e não tenho como pagar, voltei de férias agora e você já sabe.
Ele: Não caiu o meu pagamento e não tenho mais dinheiro, gastei tudo!

Cara, ele torrou todo o dinheiro dele com a maldita droga, o dinheiro de férias, pagamento, adiantamento, TUDO! Quanta inconsequência! E agora ele quer que eu pague um compromisso que é dele. Pediu para que eu tirasse o dinheiro da poupança para pagar, o dinheiro que nós estávamos guardando com muito sacrifício para o acabamento e a compra dos móveis da nossa casa nova. Isso não é justo, realmente não é justo. Não vou pagar essa conta e quando ele sair, ele que dê os pulos dele, os juros não importam, afinal ele já jogou tanto dinheiro fora, isso não vai ser nada para ele.
Uma das coisas, que eu como codependente tinha o hábito de fazer, era o de assumir responsabilidades que  não eram minhas, por muito tempo tive atitudes que não eram de uma esposa e sim de uma mãe. Superprotegi, evitei conflitos, fingi não ver coisas e assim ia me afundando junto com ele. Minha vida já não fazia sentido e tudo girava ao seu redor, em minha preocupação de fazer tudo certo para que ele não recaísse.
Nesse tempo de plena codependência, aprendi a usar máscaras para que eu me sentisse amada e principalmente para que ele não recaísse.
O ciclo da codependência é igual ao da dependência e funciona da seguinte maneira:
1-Dor de fome de amor
2-Agente viciante
3-Alívio da dor e anestesia
4- Consequências
5-Culpa e vergonha
Após o estágio 5 voltamos para o estágio 1 e então o ciclo se repete novamente.

O meu ciclo seguia mais ou menos assim:
1-Dor de infância que fazia com que eu sentisse a necessidade de cuidar
2- Cuidar do meu marido
3- Sempre resistir firmemente,acreditando que seria a última recaída de meu marido. Isso fazia com que eu tirasse o foco da minha vida e meus problemas, pois aprendi a olhar somente para ele e o problema dele.
4- Um casamento sem diálogo e sem conflitos, visando sempre o bem estar dele. Afinal, queria evitar conflitos, pois ele poderia sair para usar drogas por causa de um desentendimento bobo.
5- Me culpava por tê-lo perdoado mais uma vez e me perguntava qual seria a minha última dose. Até quando iria aguentar aquilo tudo. Toda aquela dor no peito, aquela vontade de explodir com todos aqueles ressentimentos guardados.

Hoje tenho clareza de tudo o que acontecia comigo e confesso que não quero entrar nesse ciclo nunca mais.
Hoje, mais que nunca quero me entender e me conhecer novamente. Saber quem de fato eu sou, longe da doença de meu esposo e de minha codependência.

Do amanhã? Eu não espero nada, pois sei que o Senhor fará o melhor por mim. Mesmo que ainda eu não consiga ver, sei que Se levantará em meu favor! E os planos Dele, com certeza, são melhores que os meus.
Do Hoje? Agradeço por ter chegado até aqui e por mais um dia em que aprendi a viver o SPH, sem expectativas para o futuro, apenas confiando que o Senhor fará tudo dar certo.



domingo, 5 de agosto de 2012

Muito prazer, eu sou o CRACK!

Pois é...o crack foi apresentado ao meu esposo. 

Não sei nem o que dizer para expressar o que estou sentindo, talvez um grande vazio, uma enorme sensação de impotência, um tanto de culpa e um enorme desespero de não saber o que fazer para ajudá-lo. EU NÃO POSSO ACEITAR ISSO! Meu Deus por que?Por que tudo isso está acontecendo? Não entendi Teus propósitos ainda, me ajuda Pai!

Hoje fui em minha casa, conversar com minha sogra que está lá e ver meus cachorros que estão sentindo nossa falta, gostamos muito dos nossos animais e eles são muito dependentes de nós, então fui lá passar um tempinho com eles, não posso trazê-los para a casa da minha mãe, pois são grandes e minha mãe já tem 3 aqui e por isso eles não se dão.
Conversei com ela sobre o dia em que ele tentou o suicídio, naquela madrugada em que me ligou, ele deu um tiro de raspão em sua cabeça com uma espingarda de chumbinho que tem em casa. Ela me disse que quando chegou, encontrou um pino e vários saquinhos cortados (cerca de 10) e algumas latinhas de cerveja cortadas. Meu mundo caiu! Eu não pude acreditar que isso estava acontecendo! Ele sempre me falou que nessa ele nunca entraria nisso porque ele sabia que era muito pior que a cocaína. Acreditei nele, achando que ele realmente tinha a consciência do que estava dizendo, mas, agora tudo mudou.
Não bebo e nunca usei nenhum tipo de droga, por isso não entendo muitas coisas, mas, o que todo mundo mundo me diz é que o crack é uma das piores e mais viciantes drogas. Sinceramente não sei o que pensar.
A sensação que eu tenho no momento é que tudo está perdido, que eu perdi a batalha e que agora ele já deu mais um passo sentido à progressão de sua doença. A dependência química é uma doença sem cura, progressiva e fatal, por isso é muito triste saber que ele está avançando para um caminho sem volta.
Meus sentimentos confundem-se em ajudá-lo ou abandoná-lo. Sei que tenho que pensar em mim em primeiro lugar,mas, não posso deixar a pessoa que amo se destruir. Sou impotente e não posso fazer nada por ele, a não ser que seja da sua vontade. Sinto como se os nossos sonhos e planos estivessem cada vez mais distantes e prontos para serem enterrados. Maldita seja a droga!
Hoje é dia de visita e não irei. Não estou em condições psicológicas e não consegui assimilar mais isso acontecendo.Sinto uma enorme dor no peito. Não esperava passar por mais essa. Sei que droga é sempre droga, mas, em algum lugar da  minha cabeça sempre achei que a cocaína não era tão difícil assim de se recuperar. Ouço falar tantas coisas sobre o crack, que me vejo sem esperanças.  Para mim está sendo uma nova experiência, não sei se é pior ou se é tudo igual. Sei que tem muitos adictos em recuperação do crack e que, graças a Deus, conseguem o sucesso um dia de cada vez. Mas, não sei o que pensar no caso do meu marido. Não sei o que pensar do meu futuro e não sei quais serão as suas escolhas. 
Sei que ele também sofre por causa de sua dependência e não irei julgá-lo. Ele não tem culpa de ter se tornado dependente, pois não imaginaria que usaria a droga e ficaria dessa maneira, mas, agora ele é responsável por querer ajuda e parar de verdade. Peço a Deus que essa vontade venha e que seja maior que a sua vontade de usar.

Sei que não sou culpada, mas, SÓ POR HOJE, eu quero chorar e me entristecer por essa descoberta, me entristecer porque ele está se destruindo e eu nada posso fazer além de entregar nas mãos do Senhor.



 

sábado, 4 de agosto de 2012

Notícias

Ele foi para a internação nesta quarta feira 01/08, foi mesmo dizendo que não iria por eu não tê-lo apoiado.
Mais uma prova da sua manipulação, na verdade o que ele queria era que eu me comprometesse com ele em caso de recuperação, queria condicionar o nosso relacionamento à sua recuperação.
Ele está na ala psiquiátrica, pois foi internado para cuidar de sua depressão. Por um lado fico feliz por que ele foi buscar ajuda com suas próprias pernas, mas por outro lado, fico triste porque ele ainda está na negação. Está cheio de raiva e ainda me culpa pela situação, pois diz que não confio nele, que saí de casa e toda aquela história; e por isso ele fica fragilizado e vai usar droga. Só que ele também esqueceu que muitas de suas recaídas ocorreram quando nós estávamos bem, quando a paz reinava em nosso lar, quando tínhamos tido um fim de semana maravilhoso, disso tudo ele não lembra.
A verdade é que não existe motivos para que um dependente químico tenha uma recaída e quando ele ainda está na negação tenta colocar essa carga em cima de algo ou alguém e no caso do meu marido, eu estou sendo a vilã dessa história.
Havia dito a ele que não iria levá-lo nem visitá-lo, pois é, quebrei a segunda regrinha: Fui visitá-lo hoje. Ele se surpreendeu e disse que não me esperava lá, que já tinha desencanado e acostumado com a ideia de que eu não iria mesmo. Fiquei pensando comigo: Acho que não deveria ter vindo mesmo, tenho medo de piorar ao invés de ajudar. Mas, pensei comigo que enquanto ele quiser a sua recuperação estarei ao seu lado, apoiando-o como faria com qualquer outra pessoa, não digo que irei voltar ao nosso relacionamento, pelo menos enquanto nós não estivermos curados e buscarmos a nossa recuperação por nós mesmos. O futuro só Deus é quem sabe.
Sabe, a minha saída de casa foi a minha última tentativa de mostrar a ele que precisa de uma vez por todas fazer a sua escolha, porque enquanto eu estava em casa aceitando e perdoando não estava ajudando em nada apenas piorando a nossa doença, a minha e a dele.
Sei que não sou perfeita e não quero me demonstrar superior a ele, pois sempre o digo que estou tão doente quanto ele e não tenho mais condição nenhuma de sustentar uma situação deste tipo. Não consigo mais suportar um casamento com o meu marido na ativa. Não posso prometer nada, mas, se ele realmente buscar o caminho da recuperação, estou disposta a tentar novamente, mas somente se ele me demonstrar isso, que ele quer mudar de verdade.E que seja por ele primeiro e não por mim!
Sou uma pessoa muito temente a Deus e creio que milagres acontecem. Tenho orado muito por isso e pedindo para que o Senhor me oriente e não permita que eu tome decisões precipitadas que venham a ser da minha vontade e não da Dele.Sei que o Senhor tem um propósito na vida de cada um, inclusive na vida dele também, pois ele também é seu filho. E se for para ser ao meu lado, amém! eu aceito. Mas, se não for peço ao Senhor que nos ilumine nos caminhos que iremos trilhar separadamente.
Há alguns dias Deus tem me falado sobre essa palavra que fica em Mateus 19.5:

..."o homem deve deixar seu pai e sua mãe, e unir-se à sua esposa e os dois se tornarão uma só carne. Assim, eles não serão dois, mas sim uma só carne! Portanto, que ninguém separe o que Deus uniu".


Mas também me fala sobre o seguinte em João 10:10:

..." Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância".


Com isso, me pego perguntando ao Senhor: É possível ter vida em abundância ao lado de um dependente químico? É isso que o Senhor quer para mim?

A resposta eu ainda não sei. Tenho buscado a cada dia. Busco da ciência, mas também me apego firme nas mãos dele, pois é ele quem me sustenta em minhas dificuldades e haverá de me mostrar o equilíbrio.

SENHOR, EU NÃO SOU NADA, MAS CONTIGO EU POSSO TUDO!



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Que a minha recuperação seja por mim e a sua por você!

Recebi sua ligação ontem a noite, já estava sóbrio, disse que estava me esperando chegar do trabalho e que iria se internar ontem mesmo, queria falar comigo e pedi para que ele fosse até a casa da minha mãe.  Quando ele chegou perguntei a ele o que ele tinha conversado com o médico, disse que tinha falado para o médico sobre tudo o que está acontecendo e o médico sugeriu uma internação na área de psiquiatria, pois segundo o médico, o problema dele é depressão e não as drogas e então pediu uma internação de 15 dias. Vai saber o que ele falou para o médico, já até imagino, ele falou que eu deixei ele e por isso estava agindo dessa maneira, como sempre arrumando um culpado para o seu problema.
Esse lugar sugerido para a internação é um hospital psiquiátrico que tem a ala para dependência química e a ala para psiquiatria, ele iria ficar na 2ª (ala psiquiátrica). Particularmente, não gostei do método como eles trabalham, pois, da primeira vez ele ficou lá, na ala de dependência química, por 30 dias, e achei que eles davam muito remédio então os internos nunca ficavam sóbrios para aprender um pouco mais sobre a doença e as formas de combatê-la. Sou contra a internação com remédios, pois acredito que seja trocar 6 por meia dúzia, substituir uma droga por outra, pois se a pessoa já é dependente de uma determinada droga, pra ficar dependente de outra é muito fácil. Mas, também sei que tem dependentes que conseguem lidar melhor com esse tipo de internação, para o meu marido não funcionou. Quando ele saiu de lá, tinha que tomar um monte de remédios que o deixavam meio que abobado e muito estranho. Por isso não o apóio em outra internação deste tipo.
Voltando a sua decisão de se internar nesse lugar, ele me pediu para que eu fosse levá-lo e visitá-lo. Disse a ele que não iria levá-lo, pois não quero assinar mais nenhuma internação sua e disse que não iria visitá-lo porque aquele lugar não me faz bem. E realmente não faz, é um clima muito estranho. Agradeço a Deus por estar me dando forças para dizer não quando eu quero dizer não; e não dizer sim quando quero dizer não, só para agradar aos outros sabendo que depois aquilo me faria muito mal. A força para falar estou tendo, mas a calma no coração ainda não, eu ainda chego lá! RS
Sou evangélica e membro de uma igreja muito grande que tem muitas obras sociais, dentre elas uma área para cuidados com dependentes químicos, já fomos uma vez conversar com o pastor responsável pela área, ele aceitou o tratamento na hora, mas depois que a gente saiu de lá, ele falou para mim: Satisfeita?!. Aí eu disse, se você não quiser fazer o tratamento que ele te propôs, a escolha é sua e você é quem tem que querer. Resultado: Ele não fez! Não queria! Enfim, ontem dei o telefone desse Pastor novamente para ele e disse que se ele sentisse no coração ligasse para conversar com ele. Aí ele me falou se eu for lá, internar ou conversar com o Pastor, você volta para casa? Perguntei se ele estava fazendo isso por mim ou por ele, então veio a sua resposta: POR VOCÊ, porque se você não voltar para mim eu não quero mais nada e não vou fazer nada. Me manipulando na cara dura.Falei que se fosse por mim era melhor que ele não fizesse isso então, porque ele tem que se amar em primeiro lugar e que a sua vida é muito importante e enquanto não aprender a se amar não poderá amar ninguém. E se eu me recuperar por mim você volta pra casa? Não sei. A única coisa que eu tenho certeza é que eu não quero de novo a vida que eu levava antes, respondi a ele; e como sempre, ele fez mais algumas de suas promessas de mudança de que agora tudo vai ser diferente, que nós vamos participar mais da igreja e que juntos nós venceremos. Já vi esse filme antes e o final não foi: - “E viveram felizes para sempre...”, foi bem ao contrário disso.
É sério, a cada dia que passa percebo que não quero mais essa vida e voltar para ele significa me sentir presa as minhas emoções novamente e não quero isso para mim. Acho que finalmente as vendas estão sendo tiradas dos meus olhos. Ainda gosto dele, mas muito do que eu sentia foi embora junto com as drogas e hoje nem sei mais o que restou. Quando ele condiciona a sua recuperação à minha volta para casa, sinto que ele ainda não está preparado e que não seria correto eu aceitar isso e depois ter que carregar dois pesos nas minhas costas, o 1º de que ele só fez tudo por causa de mim e o 2º ter que sustentar um casamento que talvez já tenha acabado. É duro admitir isso, mas é a realidade.
Quanto mais aprendo e entendo sobre a codependência, maior é a minha vontade de me livrar disso, como pude viver tanto tempo repetindo o mesmo ciclo. Agradeço muito a Deus, por ter procurado ajuda na hora certa e isso é fundamental para a recuperação. As terapias com a psicóloga tem me feito muito bem e me faz sentir mais leve e responsável por mim mesma.
Aprendi que assim como os dependentes químicos sentem falta de sua droga, nós também sentimos falta da nossa droga, o objeto do nosso desejo, o nosso amado. Hoje estou em abstinência e só por hoje não vou recair!
Essa música da Pitty retrata muito bem o que é isso:
Na Sua Estante
Te vejo errando e isso não é pecado
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícia
'Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante
Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar

É ISSO AÍ, SÓ POR HOJE NÃO VOU TOMAR MINHA DOSE DE VOCÊ!