terça-feira, 2 de outubro de 2012

O nosso show...

Terça feira, 02 de outubro de 2012, 22h04. Calorzinho começando a dar as caras...Muito bom! Adoro calor, adoro praia e noites agradáveis como essa.

Dia tranquilo. Trabalhei e fui ao PG (Pequeno Grupo). Nos encontramos semanalmente para aprender um pouquinho mais da palavra de Deus. Lá é uma ambiente seguro em que podemos compartilhar nossas lutas e vitórias, muito bom poder ter amigos que nos entendem e nos apoiam sem julgamentos.
Meu marido já me ligou umas 20 vezes hoje, depois do show que demos ontem. SÓ POR DEUS!

Estou arrependida por ter perdido a minha serenidade,mas, também não sou de ferro né?!
Vou relatar mais ou menos como tudo aconteceu:
Eu estava muito chateada e com muita raiva de tudo,. Raiva dele e raiva de mim. Resultado dessa mistureba toda: O bicho pegou e o negócio esquentou...
Na verdade, antes de falar com ele, eu estava disposta a ter uma conversa serena e calma. Não queria em nenhum momento me exaltar e perder a razão, mas, não consegui.

Começou assim:
Estava muito p...da vida porque ele estava gastando todo o nosso dinheiro para usar a maldita. Aquilo foi me enfurecendo, porque aquele dinheiro também era meu. Nós tínhamos feitos planos para gastar aquele dinheiro e além de estar gastando tudo; estava usando isso para se auto-destruir. Me senti meio que responsável por isso. Afinal, ele me enganou e manipulou de novo.
No fim da tarde, eu liguei para ele e disse que iria até a sua casa para conversar. Ele disse que iria estar em casa e depois me ligou falando que iria sair e depois passava na minha mãe.
Perguntei onde ele tinha ido e ele me disse que foi formatar um computador (até técnico de infomática ele já está virando...aff!)
Ele me perguntou porque eu estava  de cara feia. Falei que não era nada. Ele perguntou de novo. Respondi:
-Quer saber mesmo?! Tem certeza?! Eu estou com raiva, muita raiva de você! Porque você mentiu e manipulou a situação de novo. Está gastando todo o nosso dinheiro com essas m...que você está usando para se destruir.
Ele virou o bicho! Pegou a moto e foi embora.
Eu fui atrás dele, porque tinha pedido para ele separar umas coisas minhas. Cheguei no portão já escutei ele batendo tudo lá dentro. O pai dele veio me atender e disse que era melhor eu não entrar, pois ele não estava legal. Não dei ouvidos e entrei. Cheguei calma, mas, quando comecei a falar com ele e ele continuou a bater as coisas, comecei a minha parte do show, já em tom de voz elevado disse:
- Você não quis ouvir a verdade? Por que você não aceita ouvir a verdade?
Ele: Você só sabe me criticar. Você não sabe o que eu estou passando.
E continuou batendo as coisas. Quase quebrando as minhas coisas que estavam dentro da caixa.
Falei gritando: Quer saber?! Não quero mais p... nenhuma também!! 
Perdi a minha serenidade. Insanidade total. O pai dele assistindo tudo. Virei as costas e vim embora.
Ele veio gritando também atrás de mim: Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito?! Eu tô sofrendo p... Tô sofrendo porque você saiu de casa...
Eu: Você acha que eu também não tô sofrendo. Acha que está sendo fácil para mim? Seria muito mais fácil se eu tivesse continuado aqui. Muito mais cômodo para mim. Será que você não acorda dessa m... de vida que você tá levando. Só se destruindo a cada dia mais?!
O negócio foi feio. O pai dele coitado, até entrou no meio para abaixar os nossos ânimos. Tenho até vergonha desse show que fizemos ele presenciar. Nunca brigamos desse jeito na frente de ninguém, as roupas sujas eram sempre lavadas em casa.
Depois do show, com os ânimos mais calmos, conseguimos conversar.
Ele diz que não entende e não aceita porque eu saí de casa, porque depois que eu saí de casa as coisas só pioraram e ele não consegue se manter. Diz que já que ele não tem ninguém para ele cuidar, ele se afoga nessas porcarias mesmo e disse que eu posso seguir a minha vida, porque o fim dele vai ser esse mesmo. Como é difícil ouvir isso. Como é possível ajudar uma pessoa que quer como ajuda a sua presença.
Não sei mais o que fazer, mas, não posso aceitar as suas manipulações. Ele diz que para ele parar só está faltando EU. Quer me reconquistar a todo custo, mas, não quer fazer o tratamento para parar com isso. E isso ele já sabe que eu não aceito e é aí que entram os conflitos nas nossas conversas. Quando o adicto não está em recuperação, ele só vê o lado dele, que tudo que ele faz e pensa é o correto. Se tornam pessoas egoístas por isso. Diz que posso ir, mas, fala que vai se acabar. Sabe que eu gosto dele e não quero ver isso acontecer. Ele tá jogando sujo comigo e cabe a mim aceitar entrar no jogo ou não.
É claro que eu não quero ver ele se acabando com isso, mas, o que eu posso fazer se ele não quer ajuda verdadeira. Ele ainda vê em mim a cura para a sua adicção. Sinceramente, eu me sinto perdida quando começo a pensar sobre isso e inconscientemente tenho recaídas na minha doença, porque se eu voltar a acreditar que o meu amor irá libertá-lo, estarei deixando de admitir a minha impotência e aí me ferro de novo. Ele quer que eu acredite nisso e me manipula muito bem, tenho que confessar. Tem horas que eu até chego a acreditar que realmente sou capaz de ajudá-lo se estiver com ele, mas, quando olho para o passado a minha ficha cai. EU JÁ FIZ ISSO E NÃO FUNCIONOU.
Toda semana converso com o meu Pr., já citado aqui, ele sugeriu propor ao meu esposo que se internasse novamente, nem que fosse até o período que vai vencer a licença dele, próximo dia 18. Seria uma maneira de mantê-lo longe das drogas e que ele poderia se restabelecer para voltar ao trabalho, pois, do jeito que está ele não vai conseguir.
Falei com ele que o Pr. tinha me falado sobre isso e pedi para ele pensar. Na mesma hora ele disse: Quero! Quero sim! Não tem nem o que pensar, eu vou...
Assim sendo, ele ficou de ligar hoje para o Pr. e conversar sobre isso. Ele não ligou, disse que preferiu não ligar, pois vai lá pessoalmente amanhã. Será?!
Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos...rsrs...

Que Deus conceda a ele a sabedoria e a coragem necessária para enfrentar essa batalha, que não é minha e de mais ninguém. É apenas dele! A minha parte é somente apoiá-lo como marido, ou apenas como um filho de Deus, um irmão em Cristo. Tão amado quanto eu e tão defeituoso quanto eu, mas ainda sim, amados pelo Pai. 

2 comentários:

  1. Oi, amiga!
    Passando aqui pra te dizer que compartilho de seus sentimentos e confesso que sua partilha me deixou com aquele mesmo sentimento de impotência que estou vivenciando diante dos meus irmãos, que estão na ativa também.
    Entretanto, como um adicto em recuperação, sei como é que funciona isso na prática e sei também como é que é está do outro lado da situação.
    Entendo perfeitamente como a codependência nos pega, mas entendo perfeitamente como a dependência nos domina e, se não formos realmente decididos a encará-la, certamente não há familiar que possa nos ajudar por completo.
    De fato, o apoio familiar é extremamente importante, porém, não é tudo e nem é condição para que se inicie e/ou se consolide uma recuperação. É tanto que temos vários e vários exemplos de que as coisas podem ser solucionadas até mesmo para que não tem mais familia.
    Quanto a ti...se cuida, amiga...não deixa mais essa codependência te pegar. Trabalha esse desligamento emocional.
    Independente de estar morando ou não com ele, podes, sim, ajudá-lo....é deixando-o fazer o que compete a ele.
    Tenhas bons momentos e TAMUJUNTU.

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  2. Oi amigo,
    Obrigada por passar por aqui!
    Tenho que confessar que a codependência tem me pegado de jeito nesses dias. As vezes me sinto com o poder nas mãos. Mas, trato de desfazer esses pensamentos logo. Preciso trabalhar mais com o desligamento emocional sim...é isso que vou fazer...Preciso manter o foco na minha recuperação. E a dele, deixa com ele né?! Essa é a parte que lhe compete e não posso interferir nisso, por pior que elas sejam.
    Obrigada, muito obrigada de verdade amigo, é muito bom ouvir o outro lado também.
    Um abraço e se cuida também viu!

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