domingo, 28 de outubro de 2012

Codependência e Vida Cristã


Domingo, 28 de outubro de 2012. Dia de  sol e muuuuito calor por aqui.


Por aqui as coisas vão caminhando. Coisas boas aconteceram e coisas não tão boas também. Ainda estou tentando assimilar tudo. Estou em um momento de introspecção, aprendendo a olhar para dentro de mim e perceber definitivamente o que é melhor para mim. 

Estou lendo uma apostila sobre codependência feita pela minha terapeuta, que também é cristã. Percebi o quanto a minha visão de ajudar o próximo estava distorcida pela minha codependência.
Resolvi compartilhar aqui com vocês, pois achei bem interessante.

"Codependentes sempre põe outros em primeiro lugar antes de cuidarem de si mesmos". (Os cristãos não têm que por os outros em primeiro lugar?). 
"Codependentes entregam-se completamente." (Cristãos não devem fazer o mesmo?)
"Codependentes martirizam-se a si mesmos". (O Cristianismo honra seus mártires).
Essas afirmações tocam uma campainha conhecida, não é? Então, como podemos distinguir entre a codependência - que não é saudável nem para os codependentes nem para seus dependentes - e a fé amadurecida, que é saudável?
A codependência diz:
  • Eu  tenho pouco ou nenhum valor
  • Outras pessoas e situações têm todo valor
  • Eu devo agradar outras pessoas independentemente do custo para mim ou para meus valores.
  • Eu devo me por à disposição para ser usado (a) por outros sem protestos
  • Eu devo me entregar.
  • Se eu exigir qualquer direito meu, estarei sendo egoísta.
Jesus ensinou o valor do indivíduo. Ele disse que amemos os outros como a nós mesmos, e não mais que. O amor a si mesmo forma a base para amar os outros.  
As diferenças entre uma vida de serviço e a codependência tomam várias formas. As motivações diferem. A pessoa serve ou está disponível para outros por livre escolha ou porque ela se considera sem valor? Ela procura "agradar pessoas"? Ela age movida por medo e por culpa? Ela age movida por uma necessidade de ser necessária? (o que significa que ela, na realidade, usa a outra pessoa para atender suas próprias necessidades; o ajudado se torna um objeto para ajudar o ajudador alcançar seus próprios alvos).
  • O serviço deve ser uma escolha ativa. A pessoa age; os codependentes reagem.
  • O comportamento codependente é adictivo e não equilibrado. As adicções controlam a pessoa em vez de a pessoa estar no comando de suas próprias vidas.
  • Codependentes têm um senso de limites muito fraco; eles ajudam outros inapropriadamente (quando criam dependência em outra pessoa em vez de mover essa pessoa em direção à independência).  Eles têm dificuldades em estabelecer limites para si mesmos e permitem que outros invadam seus limites.
  • O senso de autovalor do codependente está ligado ao ajudar outros; o Cristianismo diz que uma pessoa tem valor simplesmente porque é um ser humano que Deus criou e ama. O autovalor de uma pessoa é separado do trabalho que alguém faz ou do serviço que presta.
  • Codependentes têm dificuldade em viver vidas equilibradas; doam-se a outros em negligência de seu próprio bem estar e saúde. A fé cristã apela para uma vida equilibrada e de cuidado para consigo mesmo.
  • A ajuda dos codependentes é sem alegria; o serviço cristão traz alegria.
  • Codependentes são impulsionados por suas compulsões internas; os cristãos são dirigidos por Deus e podem ser livres da compulsividade, sabendo que Deus produz os resultados finais.
Características da codependência
  • Meus sentimentos agradáveis sobre quem eu sou derivam de ser amado por você.
  • Meus sentimentos agradáveis sobre quem eu sou derivam de receber a sua aprovação.
  • Sua luta afeta minha serenidade. Minha atenção mental foca-se em resolver seus problemas ou no alívio de sua dor.
  • Minha atenção mental foca-se em agradar você.
  • Minha atenção mental foca-se em proteger você.
  • Minha auto-estima é melhorada por resolver seus problemas.
  • Minha auto-estima é melhorada por aliviar sua dor.
  • Meu próprio lazer e meus interesses são postos de lado. Meu tempo é aplicado partilhando seus interesses e lazeres.
  • Seu vestir e sua aparência pessoal são ditados por meus desejos uma vez que eu sinto que você é um reflexo meu.
  • Seu comportamento é ditado pelos meus desejos uma vez que eu sinto que você é uma reflexão minha.
  • Eu não tenho noção de como eu me sinto. Mas tenho noção de como você se sente.
  • Eu não tenho noção do que eu quero, mas pergunto o que você quer. Eu não tenho noção das coisas, mas eu as tenho por certo.
  • Os sonhos que tenho quanto ao meu futuro estão ligados a você.
  • Meu medo da rejeição determina o que eu digo ou faço.
  • Meu medo de sua raiva determina o que eu digo ou faço.
  • Estou acostumado(a) a dar como uma forma de me sentir seguro(a) em nosso relacionamento.
  • Meu círculo social diminui à medida que me envolvo com você.
  • Eu deixo meus valores de lado para estar conectado(a) com você.
  • Eu valorizo sua opinião e modo de fazer as coisas mais que as minhas próprias.
  • A qualidade de minha vida está em relação direta com a qualidade da sua.
A Ética cristã de servir ao próximo fica distorcida pelo codependente, porque coloca o outro em primeiro lugar, além do que o servir é compulsivo e não escolha. É a compulsão de cuidar, para preencher o vazio. "Amarás o próximo como a ti mesmo".
Jesus nunca alimentou dependência de ninguém. Ele amava as pessoas, apontava o caminho certo, mas deixava que cada pessoa tomasse a decisão por si mesma, não controlava ninguém, as pessoas eram livres para segui-lo ou não. Jesus nunca "facilitou" a vida de ninguém. Este é o verdadeiro evangelho.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Futuro incerto...

Quarta-feira, 24 de outubro de 2012. O dia começou meio cinzento por aqui, mas, acho que o sol irá brilhar logo logo.

Bom dia a todos!
Por aqui as coisas vão caminhando. Ontem meu marido levou mais um tombo de moto. Não aprende né?!
Por volta das 10h00, meu telefone toca. Era um homem avisando que tinha batido na moto do meu marido.
Na hora não tive reação alguma, apenas perguntei o que havia acontecido e para que local ele seria encaminhado. O rapaz me falou que ele estaria sendo levado ao Pronto Socorro municipal, mas, que a princípio foi somente o susto mesmo e nada de grave havia acontecido, somente uns arranhões.

Eu estava trabalhando e liguei para o pai dele explicando o que havia ocorrido. Seu pai foi até o hospital e disse que realmente ele estava bem e eram somente os arranhões. Fiquei tranquila. Não liguei e não fiz mais nada. Pra falar a verdade, eu fiquei com raiva dele, porque ele sabe que não tá em condições de ficar andando de moto por aí. Esse já é o 3º tombo que ele leva em menos de 2 meses. No último tombo, eu fui até lá ver o que havia ocorrido, pedi a chave e o documento da moto e ele não quis me dar e ainda me mandou embora, porque eu estava enchendo o saco. Então agora ele que arque com as consequências. Não senti pena, nem compaixão porque é ele quem está buscando esse caminho.
Bom, mas agora vem a melhor parte...rs...Como ele caiu de moto, foi levado para o hospital, seu pai ficou lá puxando o saco dele e passando a mão na cabeça; ele achou que eu teria de fazer a minha parte também. Isso não aconteceu. O rapaz ficou macho!...rs...
Uma auto-piedade sem tamanho que consome ele. Eu não sou santa também e as vezes também me pego com esses sentimentos, mas, tão logo percebo tento corrigi-los.
Ele me ligou a tarde e a noite e eu não queria falar com ele. Tinha a certeza de que era para me cobrar sobre o “acidente” e eu não estava afim de me desgastar. Sim eu estava fugindo! Estou cansada desses papos sabe?
No fim acabou que eu atendi ao telefone. Já estava deitada, essa mudança de horário está me deixando mais cansada que o habitual, por isso tenho ido deitar cedo.  Ele me disse que não esperava isso de mim, que eu deveria pelo menos ter ligado para saber como ele estava, que eu não me importo, que isso não estava certo e bla bla bla... Eu falei que me importo sim. Que havia ligado para o pai dele, para o cara que bateu na moto dele e sabia que ele estava bem e por isso eu descansei.  Aí ele continuou insistindo em me acusar. Falei para ele: Quer saber a verdade mesmo? Eu senti raiva de você! E aí expliquei para ele os motivos. Ele me disse: Eu entendo mais não aceito.

Aí ele falou para mim: Faz o seguinte, procura um advogado e dá entrada no processo de separação, porque não dá mais para ficar assim. Eu: Tudo bem, vou fazer isso. Ele: Tem certeza de que é isso que você quer né?! Eu: Ué, não é você quem está me pedindo para correr atrás disso. Vou correr.  (Nessas horas tenho até vontade de rir, porque ele começa a jogar com o meu psicológico, aí a hora que ele vê que eu não caio na dele; ele muda a história...)
Ele está perdido! Perdido na vida, nos sentimentos e na auto-destruição.

Aí ele começou a me dizer que se for para eu ficar com esses papos de minha recuperação e continuar longe dele, que é para dar entrada nos papéis. Então eu falei: Você quer que eu deixe de lado a minha recuperação para ficar ao seu lado?! Ele disse: Você entende tudo errado! Eu estou falando é que se você quiser continuar o seu processo de recuperação, beleza, mas, que seja ao meu lado. Vamos caminhar juntos. Vencer isso juntos.
Perguntei para ele: Você já se considera firme no seu propósito?! Ele disse: Claro que sim! Eu estou me esforçando, procurando outras alternativas, semana passada eu não fui conversar com o Pr., mas eu não desisti. Só que você não reconhece isso!
Interrompi-o nesse momento: Mas, aí é que tá vc fica fazendo as coisas só para me agradar e aí você espera sempre ser recompensado. E aí é que está o erro. Ele disse que está fazendo isso por NÓS...
Não sei o que pensar e não sei como agir.
Tenho vontade de dar entrada na papelada e acabar logo com isso. Assim ele fica livre para fazer qualquer escolha sem a minha interferência. E eu também me sentiria mais livre para seguir a minha vida.
Mas, o fato é que ainda tenho vontade de tentar de novo. Não posso negar. Ainda não estou preparada para seguir em frente sem olhar para trás. Embora, acredite que essa seja a melhor opção, não me sinto pronta. Acho que se eu voltar para ele, estarei mais preparada para enfrentar a adicção e a codependência, acho!
Pode ser que em uma reconciliação eu perceba que realmente o amo e que estou disposta a ficar ao seu lado ou pode ser que eu perceba que não restou amor e o que nos ligava era apenas o ciclo vicioso da codependência e adicção. Pode ser, pode ser!
A resposta eu só vou saber se tentar de novo e se não der certo, terei a certeza de que não dá mais. Aí sim, sairei em busca da minha felicidade, sem culpas ou ressentimentos por não ter tentado. Embora o fim de todas as novelas, pareçam ser iguais , eu acredito sim em um final feliz para a novela da minha vida.
Os meus limites já estão estabelecidos e não pretendo desrespeitá-los. Devo isso a mim que sou a pessoa mais importante da minha vida.
Não estou dizendo que vou sair daqui e correr para os braços dele, mas, que estou disposta a dar uma nova oportunidade a nós, se ele continuar com um objetivo de recuperação.

É isso. Que Deus possa me conceder a sabedoria neste momento.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Um passo de cada vez

Segunda-feira, 22 de outubro de 2012. Já estamos no horário de verão e as noites tem ficado cada vez mais quentes por aqui.

Já estou melhor. Tenho tentado resgatar um pouquinho de mim a cada dia. Sinto que perdi a minha identidade durante todos esses anos e agora, a responsabilidade de recuperá-la é somente minha. Tenho que lutar, tenho que buscar a cada dia mais. Com um passo de cada vez, sei que vou conseguir.
Hoje eu estive pensando em quem sou eu, o que eu gosto de fazer e quais são os meu desejos. Confesso que ainda tenho dificuldade para responder, mas, se a pergunta fosse relacionada ao meu esposo, tenho a certeza de que responderia tudo de primeira. E quando se fala de recuperação então?! Puts...Sei tudo o que funcionaria pra ele: Internação. terapia com o Pr., Programa de Recuperação. Sugiro tudo isso para ele, mas, parece que é em vão. Essa semana ele me disse que não é só porque eu escutei meia dúzia de palavras sobre recuperação, que eu sou dona da razão. Toma! Quem mandou?!
Tenho que aprender a me colocar no meu lugar.
É por isso que o desligamento é sugerido mesmo e um dos princípios para a MINHA recuperação é: Não sugerir, não falar sobre recuperação, não elogiar quando ele está no caminho certo. E como fazer isso quando a pessoa tá ali ainda?!
Meu marido não entrou em recuperação e também não aceita a minha recuperação. Fica a todo momento tentando me manipular e se fazer de coitado. Deus que me perdoe, mas, tenho tanta raiva disso que acabo descontando tudo o que tô sentindo e acabo magoando ele e a mim também.
Depois do ultimo episódio postado aqui, eu falei com ele e disse para não me procurar mais enquanto não estivesse em recuperação e que não adiantava somente ele estar limpo, porque ele já sabe que sozinho não vai conseguir. E o fato de estar limpo, não significa RECUPERAÇÃO. Ele fica me chamando de dona da razão, que eu abandonei ele, que eu trato ele mal, que eu já tô querendo ficar com outro etc, etc, etc...
Isso me cansa! Cansa mesmo!
E o pior é que ele não cansa. Não cansa de me procurar, não cansa de me manipular e manipular os outros também. Sábado foi aniversário da minha mãe e ele veio aqui falar com ela. Esperou a hora que eu saí de casa para vir, aí começou a falar que estava vindo porque eu não estava aqui, porque eu estou rejeitando ele demais e que ele vai me deixar quieta. Bancou o completo coitadinho aqui para minha mãe.
Chegou a noite começou a me ligar. Mas, e o que ele falou para a minha mãe?! Não entendi! A verdade é que ele está morrendo de medo de me perder,afinal já vão fazer 4 meses. Então acho que ele fica querendo marcar território. Não f.... e não sai de cima. Ninguém merece!
Ele me disse que tem muita gente querendo nos separar, mas, que não era para eu desistir porque ele iria mudar e dar a volta por cima de tudo. Me espera porque a gente vai superar isso.
Disse a ele: Quanto tempo mais você quer que eu te espere?? Já são 4 meses.
Aí, ele já começa a torcer a história perguntando se eu já estou a fim de outra pessoa...Porque se eu estiver é só avisar para ele, porque ele vai dar entrada na papelada...aff!
Ontem ele me ligou, dizendo que iria à igreja junto comigo. Passei pra pegar ele. Chegando lá, ele senta na cadeira e começa a dormir, dizendo que o remédio estava começando a fazer efeito. Queria deitar no meu ombro, como uma criança faz com a mãe. Cortei ele na hora. Peguei a chave do carro e disse: Vai dormir no carro. Ele: Eu só quero deitar no seu ombro. Eu: Não quero que você deite no meu ombro, se quiser dormir vai pra dentro do carro. Ele foi.Fiquei com muita raiva. Para que ele tomou o remédio sabendo que iria para a igreja?!
Mas, tentei acalmar o coração afinal precisa estar aberta para receber a palavra pregada. Me acalmei e lembrei de uma palavra:

"Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os poderes e autoridades, contra os dominadores das trevas deste século, contra as forças espirituais da maldade, nos lugares celestiais. " (Efésios 6-12)

Tenho a consciência de que esta não é uma luta, simplesmente contra as drogas, mas, muito mais com o que está atrás delas. E naquele momento, percebi que não adiantava eu ficar com raiva dele, afinal tem alguém que não queria que ele estivesse naquele lugar. O diabo é aquele que veio para matar, roubar e destruir e não aceita perder aqueles que estão ao seu lado, e por isso, usa mesmo, das estratégias mais sujas possíveis para continuar vencendo.
Essa noite tive um sonho muito estranho cm relação ao mundo espiritual, mas, em outra oportunidade eu comento.

É isso. Continuarei orando e pedindo a Deus que resgate essa alma para que ele possa ter a oportunidade de uma vida plena em Cristo.

Também peço a DEus que me dê a serenidade para aceitar as coisas como elas são e não querer ser a sua concorrente para dar o MEU jeitinho ....rsrs...

Que Deus me capacite!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Estranhos sentimentos

Terça-feira, 16 de outubro de 2012.

Meu marido continua insano e a minha cabeça está a mil por hora.
Já não sei mais o que fazer, mas, estou tentando o possível para manter a minha serenidade e entregá-lo nas mãos de Deus.
Peço tanto para que Deus cuide dele que as vezes esqueço que preciso que Deus também tem que cuidar de mim. Realmente essa é uma das muitas faces da codependência: amar mais ao próximo que a mim mesma. Estou lutando!

Bom, como já disse os pais do meu marido estão viajando e o deixaram sozinho em casa. Resultado: Ele está mais ainda sem limites.
Decidi que não vou mais esperar a hora que ele quiser se recuperar, ou ele entra em recuperação ou darei entrada nos papéis da separação de fato. Darei um prazo para isso.
Ontem ele me ligou para perguntar se estava tudo bem e se eu ainda estava brava com ele, pois havia usado durante todo o fim de semana. Falei que estava cansada, mas, que precisava falar com ele.
Ele disse que ia comprar sorvete e depois passava em casa.
Dois mintuos depois o telefone toca. Era o vizinho dizendo que ele não poderia ir pois havia caído de moto. Perguntei por ele e ele me disse que estava em casa na garagem.Peguei o carro e fui até lá.
Chegando lá tinham mais dois vizinhos com ele. A moto havia caído por cima dele e ele reclamava de dor nas costelas. Está muito magro, com uns 15 quilos a menos e a moto é grande, acho que ele não aguentou com o peso e deixou a moto escapar. Ele não quis ir ao hospital.
Que cena triste.
Na casa, parece que não mora ninguém; a garagem cheia de folhas, xixi e coco dos cachorros, bitas e maços de cigarro vazio. Um lixão.
Fui pra dentro com ele. Disse para eu não entrar pois estava fedendo, ele havia usado. Entrei mesmo assim e ele gritou: Está surda! Não dei ouvidos.
Peguei a chave da moto e pedi o documento. Ele não quis me entregar. Insisti por umas 5 vezes, ele não quis me dar e me mandou embora. Fiquei sentada no sofá me questionando como tudo aquilo poderia estar acontecendo. Aí ele me pediu a chave do carro dizendo que ia comprar o sorvete. Caiu a ficha e perguntei: Como você vai comprar sorvete se você não tem dinheiro? Ele disse que passou umas pedras para um cara que usa, porque ele não iria mais usar, e tinha que buscar o dinheiro para comprar o sorvete. Me pediu a chave mais uma vez e disse que não iria dar, aí ele começou a gritar comigo. Vi as suas mãos trêmulas.
Falei para ele que eu iria junto, fui dirigindo. Chegamos na biqueira, o pior lugar possível para se drogar, ali só ficam os mais loucos, os mais nóias. Um sentimento de impotência e arrependimento invadiu meu coração. Impotência porque eu nada poderia fazer por ele e arrependimento porque eu não poderia ter feito aquilo COMIGO.
Ele chamou o cara no portão, e o mesmo mandou ele entrar; como estava mancando disse que iria esperar ali fora mesmo porque estava com a perna machucada. Passou um tempo ele entrou e ficou uns 10 minutos lá dentro. De repente saiu com um carinha e foi descendo a rua. Não achei seguro ficar ali sozinha e saí com o carro, fui embora.
Depois de um tempo ele aparece na rua de casa, os olhares do vizinhos todos sobre ele, sei lá o que passa na cabeça deles.
Eu estava dentro do carro, esperando por ele, na frente de casa, quando ele começou a gritar comigo no meio da rua:
-Porque não me esperou c@#4*o, se parou em um lugar fica no mesmo lugar p...!!!!
Esperei ele entrar e continuei dentro do carro. Ia embora, mas resolvi descer. Cheguei lá dentro e perguntei: O que está acontecendo com você. Ele começou a resmungar e querer estar cheio da razão e ainda me disse: Você tem dar graças a Deus porque eu me desfiz dessas merdas . (EU TENHO QUE DAR GRAÇAS A DEUS?!), ele continuou resmungando. Dei tchau, virei as costas e vim embora. Ele me pediu desculpa pela grosseria. Fingi que não ouvi.
Cheguei em casa aos prantos. Não consegui me conter.
Liguei para o Pr. que me orienta quanto a isso. Sua esposa atendeu o telefone. Perguntei a ela se a clínica que eles indicam oferece internação involuntária, aí ela disse que não e perguntou o por quê? Expliquei toda a situação e disse que ele parece não ter mais nenhum momento de sanidade. Ela disse que existe sim, clínicas que fazem este tipo de internação, mas, que o valor da mensalidade é muito caro; em torno de R$ 2500,00. Não tenho essa grana. Pediu para que orássemos pedindo a Deus que toque no coração dele e que traga momentos de sanidade para a sua decisão quanto a recuperação. Pediu para que eu fosse mais firme com ele e só aceitasse conversar depois que ele aceitasse algum tipo de tratamento, pois, infelizmente essa é a única maneira que tenho para ajudá-lo, que iria doer, mas, que era uma dor precisa. Comentei com ela sobre as tendências suicidas e o meu medo de ser rude com ele. Ela me disse: Preciosa, ele comete o suicídio  a cada dia, quando continua usando essas drogas. Ele já está se matando. Tudo que podemos fazer nesse momento é nos entregar aos pés do Senhor e pedir.
Fiquei mais tranquila depois da conversa, mas, ainda sim não conseguia dormir. Ele já havia me ligado umas 2 vezes e eu não atendi. Estava muito cansada e não conseguia dormir, um turbilhão de coisas passava pela minha cabeça; aí então tomei um calmante para dormir, deixei o celular no silencioso, pois tinha certeza de que ele iria ligar durante a madrugada. Não poderia fazer aquilo comigo, eu precisava tentar descansar pra trabalhar no dia seguinte. Assim adormeci.
Quando acordei, ele realmente havia me ligado durante a madrugada, às 4 da manhã.Sem noção. Quando já tinha levantado ele voltou a ligar e eu não queria atender.
Cheguei no trabalho ainda estava meio grogue, parece que o efeito do remédio começou na hora errada...aff...Me sentia trocando as pernas, flutuando em um lugar distante...
 Adivinhem de quem foi a primeira ligação no meu trabalho?!haha...
Disse que estava me ligando para pedir desculpas. Aproveitei e disse a ele: Por favor, não me procure mais enquanto você não estiver em busca da sua verdadeira recuperação. Falar com você na adicção ativa não dá mesmo. Me machuca demais. Então resolve aí o que você quer e depois vem falar comigo. Ele ficou quieto e desligou o telefone.
Depois disso, fui conversar com o Pr. em seu escritório. Havia marcado um horário.
Ele me disse as mesmas coisas que sua esposa e pediu para que eu mantenha realmente uma postura firme diante dele. Vai doer, mas é o melhor. Ele não vai aprender enquanto tudo estiver fácil pra ele, principalmente comigo aceitando a situação e tratando ele como se nada estivesse acontecendo. Ele precisa perceber isso. Disse para que eu continue me cuidando e sendo feliz independente das escolhas dele. Não me orientou quanto a separação, pois ele sabe que é possível sim a restauração do meu esposo. Mas, que ele precisa entender a condição para a nossa reconciliação.
Me mostrou um vídeo de um rapaz que já está a quase 3 anos limpo. Ele também se afundou no crack e vendeu todas as coisas de dentro de casa. Sua esposa não aguentou e foi embora. Ele decidiu mudar de vida para reconquistar a esposa, procurou a ajuda do Pr., pegou firme nas terapias e depois de 6 meses, quando sentiu que já estava preparado pediu para a esposa voltar. No primeiro momento ela relutou, mas, depois aceitou a reconciliação, pois, ele realmente havia mudado. No depoimento ela diz que ele é o marido que ela pediu a Deus. Hoje eles vivem bem e já planejam a chegada de um herdeirinho.
É tão bom ouvir essas histórias de superação...SEi que cada caso é um caso e as escolhas também são diferentes, mas, fiquei feliz por ver que existe sim uma luz no fim do túnel.
Estou decidida a manter a minha firmeza com o meu marido. Que Deus me dê forças.
SPH quero acreditar que ele vai sim conseguir sair dessa e ter uma vida saudável. Independete de ser comigo ou não. Quero muito o seu bem e por isso continuarei orando para que ele encontre essa força que existe dentro dele...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Cuidar de mim...

Sexta-feira, 12 de outubro de 2012. Finzinho de feriado. Por aqui chove e faz muito frio.

A cada dia que passa posso sentir o toque de Deus em minha vida. É incrível como o seu cuidado me conforta e me traz a certeza de que tudo dará certo.

Hoje estive conversando com minha irmã. Essa semana ela foi diagnosticada com câncer de mama; e como é natural está muito abatida com isso; nunca esperamos uma notícia dessas na nossa vida e nem na nossa família, mas aconteceu, e tenho certeza de que Deus também está cuidando dela de uma maneira muito especial e creio que ela vai superar tudo isso da melhor maneira possível.
Ela foi casada por 15 anos com um dependente químico, teve duas meninas lindas ( a tia coruja..hehe) e há uns 3 anos está separada. Hoje vive um relacionamento com alguém que a entende, apoia e ama da maneira como ela é...Que está com ela no momento em que ela mais precisa. Fico feliz por isso!
Enquanto conversávamos entramos no papo de DQ, disse a ela como eu estava e aí ela começou a relatar a vida dela também.
Quando ela casou já sabia que ele era dependente químico e apesar de nunca ter usado nada, admitia que ele usasse dentro de casa. O que acontece é que quando as crianças nasceram, as coisas começaram a mudar de figura. A minha irmã não queria que as meninas vissem o pai fazendo aquilo, por questão de exemplo mesmo. Muitas brigas, términos e reconciliações sucederam após isso; mas, o fato é que ele nunca deixou de usar droga. Quando tinha vontade puxava um cigarrinho de maconha no meio da sala, sem se importar com a presença das filhas e da esposa. Assim ele faz até hoje.
Quando cheirava começava a ter alucinações e achava que tinha gente perseguindo. Minha irmã colocava as crianças para dormir e ficava vigiando ele, para saber se estava tudo bem. Ele cheirava a noite toda. Segundo ela, quando chegava 6 horas da manhã ele falava para ela ir deitar que ele ia cheirar a última carreira, mas, era mentira dele. Ele continuava o dia inteiro e quando parava dormia o restante o dia até varar o outro. Minha irmã sofreu demais.
Foram 15 anos de promessas não cumpridas. Eu vou parar e nunca parava. Eu vou mudar e nunca mudava. Ela se afundou junto com ele. Minha irmã não tinha alegria nos olhos, tão jovem e tão bonita entregue a um destino triste daqueles. As filhas sempre a impediram muito de terminar com tudo antes. Ele chegou a sair de casa várias vezes, mas, as meninas sentiam falta do pai que se reaproximava com todas as falsas promessas e lá estava ela entregue ao próprio destino novamente. Minha irmã não era feliz. Era nítido, conseguia ver em seus olhos.
Uma hora ela se cansou e disse: Eu não quero mais! Agora é para sempre!
Ela nunca ouvira falar no termo codependência, tão pouco sabia que fazia parte do grupo. Mas, com sua determinação e vontade de vencer a vida, foi em frente e dessa vez, ninguém a impediu. Nem mesmo suas filhas. Ela deu um passo de cada vez. Sofreu muito no começo, mas, já sabia o que queria e não queria.

O que fiquei pensando é o seguinte: Já está comprovado que o câncer está diretamente ligado a causas emocionais como:  depressão, stress, sentimentos reprimidos etc...
Fiz uma ponte entre tudo o que a minha irmã passou e o seu diagnóstico. Tenho a certeza de que as situações estão ligadas. Durante todos esses anos, ela não conseguiu expor os seus sentimentos, sempre pensava mais nos outros que nela própria e com isso a sua vida PASSOU...E ela não se cuidou. Não cuidou das suas emoções e não cuidou do seu maior bem: a sua própria vida.

Ela não se intromete e não dá palpites na minha vida. Apenas diz: Você viu o que eu passei em 15 anos, cabe somente a você decidir qual é o futuro que você quer.
Eu não quero esse futuro. Eu não quero nadar, nadar e morrer na praia . Para MIM é inevitável viver com uma pessoa e não se ligar emocionalmente. É claro que se estiver junto ficarei esperando que um dia ele vai se cansar da droga e acordar para a vida. É impossível não pensar dessa maneira. Com isso deixarei de cuidar de mim e negligenciarei minha vida em favor de uma outra que não me pertence. Ainda busco o equilíbrio em minha mente, mas, confesso que é difícil de encontrar. Não sei se para mim é possível traçar essa linha entre o cuidar e o cuidar-se.
Tudo o que eu mais quero nessa vida é paz...Paz de espírito, paz no coração.
Quero deixar de entregar a minha vida nas mãos de quem não pode cuidar;
Quero deixar de esperar ansiosamente pela cura do meu esposo;
Quero deixar o problema dele com ele e o meu comigo;
Quero aceitar e entender que a minha parte já foi feita e que sou impotente quanto ao resto;
Não tenho super poderes...
Quero ser feliz, quero continuar com os meus planos, quero ser mãe...

Mas isso também não está só comigo...Continuarei fazendo a minha parte e Deus terminará, pois somente Ele sabe a hora e a ocasião,eu nada sei...


"Pois Aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até o dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1.6 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Nem sempre é SIM...

Bom dia a todos!

Quarta-feira, 10 de outubro de 2012. Lindo dia de sol em minha cidade.


Li a seguinte frase em um livro que estou lendo:
“Deus sempre responde todas as nossas orações, apenas, nem sempre sua resposta é SIM...”
Parei para analisar as coisas sob essa perspectiva e percebi que eu nunca tinha pensado dessa maneira. Muitas vezes, Deus está dizendo NÃO! E mesmo assim, não queremos enxergar e ficamos com crianças mimadas esperando desesperadamente por um SIM!
Nem tudo o que nós queremos e pedimos é da vontade de Deus. Ele ouve sim as nossas orações, mas, não é obrigado a nos dar tudo o que pedirmos, principalmente quando ele sabe que o nosso pedido não trará o Seu melhor para nossas vidas.
Quantas e quantas vezes eu já me peguei falando com Deus: Não aguento mais dá um jeitinho aí vai! ...rsrs...
Hoje, eu já não peço para ele me tirar o sofrimento, pois é um tempo precioso que estou tendo para aprender a caminhar ao Seu lado. Sinto como se ele estivesse moldando o meu coração, por isso, já não peço para Ele livrar a minha barra e sim para permanecer ao meu lado enquanto eu estiver passando pelo deserto. Sei que o meu aprendizado e o meu amor por Ele somente aumentarão depois que eu passar por tudo isso. Mas, eu preciso passar primeiro né!
Na verdade eu já me conheço um pouquinho e até entendo porque Deus continua me provando. Ai Deus me perdoa se eu estiver errada J, mas, é assim que eu estou vendo a situação:
Quem nunca ouviu aquele famoso versículo bíblico: Quando estou fraco, Deus me faz forte!
Pois é isso mesmo. Já perceberam como a gente ama a Deus quando estamos passando por alguma batalha?! Vamos mais a igreja, lemos mais a bíblia, oramos mais...
E quando está tudo bem? Esquecemos até mesmo de agradecer.
Eu sou assim. Quantas vezes já esqueci da existência de Deus na minha vida. Ingratidão total! E sendo bem sincera comigo mesma, sei que se ele me desse tudo o que eu quero agora, seria ingrata novamente. Ainda não estou pronta para viver os propósitos Dele.  
Por mais que eu tente voltar para mim. Sempre acabo pensando mais na recuperação do meu esposo e se ele estivesse bem, sei que deixaria Deus um pouquinho de lado.  (Ai como eu sou terrível...rsrs...).
Enquanto eu estava dentro de casa e meu marido recaía, era Deus pra lá e Deus pra cá. Quando ele ficava bem, eu quase nem me lembrava de Deus e, as vezes até tinha a consciência disso, mas, cadê a coragem para mudar de postura. Só mudava quando ele recaía mesmo.
O aprendizado que eu tiro de tudo isso é o seguinte:
Deus usa o sofrimento para nos moldar e por isso as coisas não acontecem no nosso tempo, mas sim no tempo Dele e ainda se os nossos objetivos estiverem alinhados aos Seus propósitos, portanto, aquela frase é bem verdadeira: Que seja feita a Tua vontade!


Ontem meu marido foi conversar com o Pr. de nossa igreja. Disse que vai começar a fazer terapia todas as quintas-feiras. Nem tocou no assunto de internação. Sei que internação não salva ninguém, mas, no caso dele acho que seria o ideal. Mas, vamos ver se ele consegue só com as terapias né?!
Ele continua me procurando. Quer ficar me beijando, abraçando e fazer com que fique tudo bem. O que acontece é que ainda não estou segura de mim e sei que se ceder agora, atrapalharia tudo. Pois, foi como já disse, quando ele acha que está tudo bem entre nós, esquece que tem que se tratar e o final dessa novela já é conhecido e eu não quero ser a protagonista de novo...rsrs...
Seus pais ainda estão em viagem e ele está sozinho em casa. Pediu para o pai levar o cartão do banco, porque não queria ficar com ele. Na segunda ele estava com R$ 50,00 e ontem veio me pedir R$ 15,00 para colocar gasolina na moto e comprar cigarro, quando perguntei dos R$ 50,00, ele disse que colocou no bolso da camiseta e perdeu tudo quando voltava de moto da conversa com o Pr.
Ah tá! Quantas vezes já ouvi essa história! Ele "perdia" tanto dinheiro! Realmente, a confiança será difícil de voltar um dia. Foram tantas mentiras, tantas desculpas e manipulações que nem consigo mais acreditar nele e isso também é triste.
Eu penso da seguinte maneira: Não sou eu quem tenho que voltar a confiar nele, mas, ele tem que me dar a prova de que posso confiar novamente e isso, por enquanto não está acontecendo.
Espero que um dia ele caia na real e perceba que isso não o levará a lugar algum.
A verdade é que ele está buscando tratamento hoje, porque ainda condiciona a sua recuperação à nossa reconciliação. Espero que ele entenda que primeiro precisa ser por ele e depois por nós.
Enfim...Que bom que ele deu um passinho pra isso né?!...Que Deus possa conduzí-lo ao caminho certo para a sua recuperação, pois, para Ele nada é impossível e eu creio nisso!

Só Por Hoje, não deixarei que a ansiedade tome conta do meu coração.
Só Por Hoje quero aceitar que as coisas nunca acontecem do meu jeito ou no meu tempo.

sábado, 6 de outubro de 2012

O desligamento emocional

Desligamento: Como é difícil! Se alguém tiver a receita me passa aí...rsrs
É isso...a verdade é que a minha recaída tem sido intensa e não vejo forma de levantar quando chega no ponto: a recaída dele. Passo a maior parte do meu dia pensando no tipo de vida que ele está levando. Para mim é triste demais vê-lo dessa maneira. Isso me afeta e muito.
Eu sei que a insanidade tomou conta da cabeça dele,mas, será que nem por um minuto ele pensa nisso?! Em tudo que ele está perdendo e ainda vai perder? Tem um ótimo emprego em uma grande empresa, que por sinal, acredito que ele nem tenha mais, pois, quando terminar a licença dele eu acho que vão mandá-lo embora. Esse já é o seu 2º afastamento. A empresa ajuda na primeira vez, não quer se levantar, vai pra rua. Infelizmente, a empresa tem que priorizar os seus lucros, enquanto ele não quer, tem um monte querendo entrar no lugar dele. E é isso o que provavelmente irá acontecer. Que seja feita a vontade de Deus.
Bom, eu sei que eu tenho falado muito sobre a minha recaída, a falta de desligamento e as vezes até acho que fica repetitivo. Mas, aqui eu quero demonstrar a realidade do que está se passando comigo. De vez em quando dou umas voltadas nos meus posts e comentários recebidos. Isso me ajuda muito.
Tem dia que eu tô bem, tem dia que eu tô mal e o objetivo do blog é esse mesmo: Falar exatamente como me sinto, sem mentiras ou máscaras. Esse é um local que me sinto segura para ser quem eu sou, pois sei que sou acompanhada por meus iguais, por pessoas que me entendem e me ajudam sem me julgar. Obrigada a cada um de vocês pela paciência, vocês me fortalecem. Um dia lá no futuro , quero voltar às minhas primeiras postagens e falar: Eu já passei por isso! Passei!!! E hoje estou aqui, feliz e realizada. Como Deus é bom!Sim, eu sei que ele é bom e sei também que ele tem o melhor para mim. Essa é uma das únicas certezas que eu tenho: EU VOU VENCER TUDO ISSO!
Mas, para que a vitória chegue, tem a batalha né?!E é essa que eu tô vivendo hoje. A minha batalha , a minha luta é contra algo que me consome: a minha codependência.
Eu procuro entender, procuro ler artigos e blogs, procuro falar sobre isso, mas, na prática o bicho pega. Pega porque falar é fácil,mas, fazer...é outra história...

Hoje, 06 de outubro de 2012, 20h30. Noite agradável. Sempre fazíamos algo nas noites de sábado.
Sinto falta do meu marido. Sinto falta do que um dia ele já foi para mim.
Meu Deus como é difícil segurar a barra.

Eu estou mal desde ontem. Vieram me falar que todos os dias o veem na biqueira junto aos mais drogados possíveis. Não pude acreditar. Ainda achava que ele fazia as coisas meio que nas escondidas.
Já chorei demais. Passei o maior parte do meu tempo pensando no que posso fazer para tirá-lo dessa situação. Passar na biqueira e brigar com ele? Internação involuntária? Pedir a separação e dar outro choque nele?
Como eu queria poder ajudar. Não tô conseguindo vê-lo nesse estado deplorável.
Ontem eu o vi. Fui falar com a mãe dele, pois ela tinha me pedido um favor. Cheguei lá ele estava trancado no quarto. Demorou uns 10 minutos pra sair. Não o reconheci.
Magro, velho, olhos vidrados e arregalados. ACABADO!
Aquela imagem ficou na minha cabeça. Impossível não sentir a dor. Impossível não sofrer ao ver a pessoa amada se destruindo aos poucos.
Eu sei que eu não tenho o que fazer, a não ser pedir para Deus trabalhar na vida dele e falar com ele. Mas dói, dói muito...
Eu ainda não estou preparada.
Ele disse que ia me ligar hoje cedo para passear com os cachorros. Não ligou.
Ele me convidou para ir ao cinema hoje. Esqueceu.
Acabou de me ligar, dizendo que ficou o dia inteiro esperando a minha ligação. Disse a ele que o combinado foi outro. Ele ficou quieto.
Até nas conversas, ele não admite que está errado. Se foi ele quem combinou de ligar para mim. Por que ele me liga acusando de não ter ligado para ele?
Ele gosta de me manipular, percebo isso nos pequenos detalhes, como no da ligação por exemplo.Eu ainda caio em algumas, mas, tô aprendendo a reconhecê-las e evitá-las.

Seus pais foram viajar e ele ficou sozinho em casa. Tenho medo de que ele se afunde de vez. Percebo que a cada dia que passa, a situação dele piora.Que Deus o proteja!

Quanto a mim...preciso caminhar, preciso me desligar. Sei que não posso estacionar aqui. Que Deus me dê forças!


"O desligamento emocional é algo muito mais profundo do que simplesmente o ato de admiti-lo. É aceitar a escolha de cada um, sem querer interferir ou controlar os resultados..."

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

E ajuda que é bom?! Nada!

Quarta-feira, 03 de outubro de 2012, 19h20. Muito calor por aqui...

Ele não foi procurar ajuda!

Na verdade já esperava por isso mesmo, mas, ainda fico muito abalada com essas coisas. O que posso fazer, quando o principal prejudicado na história toda não quer ajuda?!
Cara, eu não sei mais o que fazer. Eu não sei mais como agir. Aliás, eu sei sim: "Não faça nada, não diga nada", mas, e a minha cabecinha codependente como fica?! Meu Deus, eu preciso me livrar disso!
Eu preciso entender de uma vez por todas que a recuperação dele não é de minha responsabilidade. Isso é de competência dele, mas, por enquanto ele ainda não quer mudar.
Como eu posso salvá-lo do caminho que ele próprio está trilhando? Impossível! Eu não tenho esse poder... E graças a Deus eu não tenho mesmo, porque se tivesse iria livrá-lo de cada uma...rsrs...
Aprendi que Deus não se alegra com os nossos sofrimentos, mas, muitas vezes Ele permite que nós passemos por determinadas situações para que nos acheguemos a Ele. É aquele velho ditado: Se não vem pelo amor, vem pela dor! E infelizmente, o amor mais puro e sincero que podemos sentir por Deus é quando estamos passando por alguma batalha.
Espero que algum dia ele entenda isso e eu também...rsrs...
Apesar de já ter passado 3 meses desde que saí de casa... Ainda não me desliguei emocionalmente, pois ainda me pego nas ciladas da codependência. Hoje, mais do que nunca preciso me desligar emocionalmente. Preciso entender que sou impotente, que não posso controlá-lo e muito menos mudá-lo.
Ele ainda não quer e ponto. O que eu posso fazer?! Nada.
As vezes fico pensando no tipo de sentimento que ele tem por mim. Que amor é esse? Que não sabe se doar? Que amor é esse que não aceita as minhas decisões?
Poxa! Eu já falei pra ele o que eu aceito e não aceito e ainda sim, ele acha que eu devo continuar ao seu lado. Eu não posso fazer isso COMIGO! Eu sou esposa e não mãe. Eu quero ser cuidada e não somente cuidar. Em qualquer relacionamento, a mulher é a parte mais fraca da história e por isso precisa ser protegida, cuidada e amada. Para MIM, esse é o verdadeiro casamento.
Quando percebi que os papéis no meu casamento estavam invertidos, a minha luzinha vermelha acendeu.
Ele sempre foi frágil. Ele nunca cuidou de mim como um marido deve cuidar. Ele nunca orou por mim. Ele nunca orou pelo nosso casamento.
E eu? Eu sempre fui "a forte". Sempre cuidei dele, não somente como esposa, mas, como mãe também. Sempre orei muito por ele e pelo nosso casamento também.
A balança pesava só de um lado. Impossível haver um equilíbrio dessa maneira.
Sabe o que eu percebo. Que eu era e ainda sou muito doente! Meu Deus, que doidera!
Na verdade, tudo o que eu fazia por ele. Era o que eu queria que ele fizesse por mim. Cuidar, orar, amar.
Eu sempre quis um marido que cuidasse de mim e achava que se eu cuidasse dele, ele também iria cuidar de mim. Isso não acontecia e aí eu me frustava.
Devido ao envolvimento com as drogas, meu marido tornou-se uma pessoa emocionalmente inacessível. Ele não conseguia me dar de volta o que ele não tinha por ele mesmo. Como ele poderia cuidar de mim, se ele não conseguia cuidar nem dele.
E como eu esperei por isso! Por todo o tempo. Esperei tanto que até cansei...
Ainda não sei o que será do futuro, mas, só por hoje quero me permitir viver. Quero cuidar de mim, quero me amar em primeiro lugar, quero levantar a minha auto-estima e acreditar que eu posso sim, dar a volta por cima de tudo isso.
Tudo passa...Tudo isso um dia vai passar, eu tenho certeza disso. Juntos ou separados, sei que ficarei bem, pois estou caminhando para isso... Esse será o meu objetivo: Cuidar de mim, olhar pra mim...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O nosso show...

Terça feira, 02 de outubro de 2012, 22h04. Calorzinho começando a dar as caras...Muito bom! Adoro calor, adoro praia e noites agradáveis como essa.

Dia tranquilo. Trabalhei e fui ao PG (Pequeno Grupo). Nos encontramos semanalmente para aprender um pouquinho mais da palavra de Deus. Lá é uma ambiente seguro em que podemos compartilhar nossas lutas e vitórias, muito bom poder ter amigos que nos entendem e nos apoiam sem julgamentos.
Meu marido já me ligou umas 20 vezes hoje, depois do show que demos ontem. SÓ POR DEUS!

Estou arrependida por ter perdido a minha serenidade,mas, também não sou de ferro né?!
Vou relatar mais ou menos como tudo aconteceu:
Eu estava muito chateada e com muita raiva de tudo,. Raiva dele e raiva de mim. Resultado dessa mistureba toda: O bicho pegou e o negócio esquentou...
Na verdade, antes de falar com ele, eu estava disposta a ter uma conversa serena e calma. Não queria em nenhum momento me exaltar e perder a razão, mas, não consegui.

Começou assim:
Estava muito p...da vida porque ele estava gastando todo o nosso dinheiro para usar a maldita. Aquilo foi me enfurecendo, porque aquele dinheiro também era meu. Nós tínhamos feitos planos para gastar aquele dinheiro e além de estar gastando tudo; estava usando isso para se auto-destruir. Me senti meio que responsável por isso. Afinal, ele me enganou e manipulou de novo.
No fim da tarde, eu liguei para ele e disse que iria até a sua casa para conversar. Ele disse que iria estar em casa e depois me ligou falando que iria sair e depois passava na minha mãe.
Perguntei onde ele tinha ido e ele me disse que foi formatar um computador (até técnico de infomática ele já está virando...aff!)
Ele me perguntou porque eu estava  de cara feia. Falei que não era nada. Ele perguntou de novo. Respondi:
-Quer saber mesmo?! Tem certeza?! Eu estou com raiva, muita raiva de você! Porque você mentiu e manipulou a situação de novo. Está gastando todo o nosso dinheiro com essas m...que você está usando para se destruir.
Ele virou o bicho! Pegou a moto e foi embora.
Eu fui atrás dele, porque tinha pedido para ele separar umas coisas minhas. Cheguei no portão já escutei ele batendo tudo lá dentro. O pai dele veio me atender e disse que era melhor eu não entrar, pois ele não estava legal. Não dei ouvidos e entrei. Cheguei calma, mas, quando comecei a falar com ele e ele continuou a bater as coisas, comecei a minha parte do show, já em tom de voz elevado disse:
- Você não quis ouvir a verdade? Por que você não aceita ouvir a verdade?
Ele: Você só sabe me criticar. Você não sabe o que eu estou passando.
E continuou batendo as coisas. Quase quebrando as minhas coisas que estavam dentro da caixa.
Falei gritando: Quer saber?! Não quero mais p... nenhuma também!! 
Perdi a minha serenidade. Insanidade total. O pai dele assistindo tudo. Virei as costas e vim embora.
Ele veio gritando também atrás de mim: Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito?! Eu tô sofrendo p... Tô sofrendo porque você saiu de casa...
Eu: Você acha que eu também não tô sofrendo. Acha que está sendo fácil para mim? Seria muito mais fácil se eu tivesse continuado aqui. Muito mais cômodo para mim. Será que você não acorda dessa m... de vida que você tá levando. Só se destruindo a cada dia mais?!
O negócio foi feio. O pai dele coitado, até entrou no meio para abaixar os nossos ânimos. Tenho até vergonha desse show que fizemos ele presenciar. Nunca brigamos desse jeito na frente de ninguém, as roupas sujas eram sempre lavadas em casa.
Depois do show, com os ânimos mais calmos, conseguimos conversar.
Ele diz que não entende e não aceita porque eu saí de casa, porque depois que eu saí de casa as coisas só pioraram e ele não consegue se manter. Diz que já que ele não tem ninguém para ele cuidar, ele se afoga nessas porcarias mesmo e disse que eu posso seguir a minha vida, porque o fim dele vai ser esse mesmo. Como é difícil ouvir isso. Como é possível ajudar uma pessoa que quer como ajuda a sua presença.
Não sei mais o que fazer, mas, não posso aceitar as suas manipulações. Ele diz que para ele parar só está faltando EU. Quer me reconquistar a todo custo, mas, não quer fazer o tratamento para parar com isso. E isso ele já sabe que eu não aceito e é aí que entram os conflitos nas nossas conversas. Quando o adicto não está em recuperação, ele só vê o lado dele, que tudo que ele faz e pensa é o correto. Se tornam pessoas egoístas por isso. Diz que posso ir, mas, fala que vai se acabar. Sabe que eu gosto dele e não quero ver isso acontecer. Ele tá jogando sujo comigo e cabe a mim aceitar entrar no jogo ou não.
É claro que eu não quero ver ele se acabando com isso, mas, o que eu posso fazer se ele não quer ajuda verdadeira. Ele ainda vê em mim a cura para a sua adicção. Sinceramente, eu me sinto perdida quando começo a pensar sobre isso e inconscientemente tenho recaídas na minha doença, porque se eu voltar a acreditar que o meu amor irá libertá-lo, estarei deixando de admitir a minha impotência e aí me ferro de novo. Ele quer que eu acredite nisso e me manipula muito bem, tenho que confessar. Tem horas que eu até chego a acreditar que realmente sou capaz de ajudá-lo se estiver com ele, mas, quando olho para o passado a minha ficha cai. EU JÁ FIZ ISSO E NÃO FUNCIONOU.
Toda semana converso com o meu Pr., já citado aqui, ele sugeriu propor ao meu esposo que se internasse novamente, nem que fosse até o período que vai vencer a licença dele, próximo dia 18. Seria uma maneira de mantê-lo longe das drogas e que ele poderia se restabelecer para voltar ao trabalho, pois, do jeito que está ele não vai conseguir.
Falei com ele que o Pr. tinha me falado sobre isso e pedi para ele pensar. Na mesma hora ele disse: Quero! Quero sim! Não tem nem o que pensar, eu vou...
Assim sendo, ele ficou de ligar hoje para o Pr. e conversar sobre isso. Ele não ligou, disse que preferiu não ligar, pois vai lá pessoalmente amanhã. Será?!
Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos...rsrs...

Que Deus conceda a ele a sabedoria e a coragem necessária para enfrentar essa batalha, que não é minha e de mais ninguém. É apenas dele! A minha parte é somente apoiá-lo como marido, ou apenas como um filho de Deus, um irmão em Cristo. Tão amado quanto eu e tão defeituoso quanto eu, mas ainda sim, amados pelo Pai.